O congressista nova-iorquino George Santos continua a surpreender até os seus críticos mais veementes. Na quinta-feira, o republicano, cercado por democratas e até por colegas conservadores devido às suas mentiras pós-eleitorais, decidiu apoiar uma medida proposta pela extrema-direita, que visa declarar a AR-15 como a "arma nacional dos Estados Unidos".
A AR-15, uma metralhadora semiautomática e é uma das armas mais vendidas no país, sendo também a que é mais usada em tiroteios em massa, especialmente em escolas.
A governadora do estado de Nova Iorque, Kathy Hochul, disse à CBS News que a posição do deputado conservador é "nojenta".
"Estas armas de guerra foram usadas em tiroteios horrendos por todo o país. Esta medida nunca poderá passar a lei e, se ele tiver algum respeito pelos nova iorquinos, o representante Santos deve remover o seu nome da proposta imediatamente", afirmou a governadora democrata.
These weapons of war have been used in horrific mass shootings across our country. This bill should never become law, and if he has any respect for New Yorkers, Rep. Santos should remove his name from it immediately. https://t.co/Bcigsnzn0l
— Governor Kathy Hochul (@GovKathyHochul) February 23, 2023
A AR-15 foi usada nomeadamente nos tiroteios na escola de Sandy Hook (onde morreram 20 crianças), na discoteca Pulse (onde morreram 49 mortos), num clube LGBTQ+ em Colorado (um ataque homofóbico que matou cinco pessoas), entre centenas de outros tiroteios.
A medida foi avançada por alguns dos congressistas mais extremistas da Câmara dos Representantes, nomeadamente por Lauren Boebert, que foi eleita para o Congresso depois de gerir um restaurante temático sobre armas de fogo e que tem ficado conhecida por ataques xenófobos, homofóbicos e racistas.
Santos passou rapidamente de congressista desconhecido e recentemente eleito, para caso de notoriedade internacional. O republicano, que em campanha promoveu um currículo imaculado e com uma passagem por empresas como a Goldman Sachs, mentiu sobre os locais por onde passou e no seu diploma.
Também se soube que o deputado fez declarações dúbias sobre a sua alegada ascendência judaica, descreveu a morte da mãe em várias ocasiões com teor sociopolítico (nomeadamente no 11 de setembro), usou vários pseudónimos para diferentes casos e criou uma campanha de angariação de fundos para tratar um cão, que nunca chegou a entregar os fundos para o tratamento do animal (que acabou por morrer).
O financiamento da sua campanha para a Câmara dos Representantes continua a ser investigado pelas autoridades, já que Santos, para evitar declarar uma série de contribuições anónimas, terá recebido vários donativos um cêntimo abaixo do limite a partir do qual estes têm de ser declarados ao Fisco.
Apesar de todas estas mentiras serem descobertas após Santos vencer a sua eleição, o deputado recusou afastar-se da tomada de posse e entrou na Câmara dos Representantes no início de janeiro. Os próprios colegas do Partido Republicano de Nova Iorque têm pedido a sua demissão, considerando que George Santos desrespeitou e humilhou os conservadores.
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