Rússia cria brigadas de propaganda para elevar moral das tropas

O ministério da Cultura da Rússia anunciou hoje a criação de brigadas de agitação e propaganda em colaboração com o ministério da Defesa para elevar o ânimo das tropas em plena campanha militar russa na Ucrânia.

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Lusa
28/02/2023 16:46 ‧ 28/02/2023 por Lusa

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"Em vários locais, temos de visitar os rapazes durante a reabilitação, em outros organizar grandes concertos, pronunciar discurso em praças ou viajar pelas regiões", indicou a ministra da Cultura Olga Luibimova em declarações à televisão pública.

Luibimova sublinhou que os artistas que vão integrar estas brigadas serão provenientes de diversas regiões, géneros artísticos e idades, apesar de não ter mencionado nomes concretos.

Sublinhou ainda que os artistas russos se vão dirigir ao ministério para "participar e contribuir para a causa como que melhor sabem e gostam de fazer".

Diversas brigadas propagandísticas já visitaram as guarnições e polígonos militares onde os reservistas estavam a receber instrução militar no âmbito da mobilização parcial ordenada pelo Presidente Vladimir Putin.

A Rússia reconheceu a morte de pelo menos 6.000 soldados no campo de batalha, apesar de outras fontes russas e estrangeiras se referirem a dezenas de milhares de baixas entre mortos e feridos em ação.

A ministra negou que tenha ordenado a elaboração de uma lista negra de escritores que se opõem à guerra e cujas obras seriam requisitadas nas bibliotecas, e onde se incluem Boris Akunin, Liudmila Ulitskaya, Joanne Rowling ou George Orwell, entre outros.

Recentemente, Zelfira Tregulova, diretora da maior pinacoteca de Moscovo, a Galeria Tretiakov, foi substituída pela filha de um general do Serviço federal de segurança (FSB), que colaborou com o Presidente Vladimir Putin, antigo quadro dos anteriores serviços secretos soviéticos (KGB).

Em agosto de 2022, deputados e senadores russos criaram um Grupo de Investigação de atividades antirrussas na esfera da cultura (GRAD), à semelhança da comissão criada pelo macarthismo para perseguir os comunistas nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial.

Deputados e senadores russos criticaram diversas personalidades da cultura por promoveren valores e tendências ocidentais, que contrariam a moral tradicional promovida pelo líder do Kremlin, muito crítico com a defesa no ocidente das minorias sexuais e dos casamentos não tradicionais.

Estes responsáveis políticos também exortaram as instituições culturais a contrariar a cultura ocidental após os Estados Unidos e a União Europeia terem aprovado sanções contra a Rússia pela sua campanha militar na Ucrânia e tentarem perseguir a cultura russa no ocidente.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.101 civis mortos e 13.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Forças ucranianas admitem situação "extremamente tensa" em Bakhmut

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