"O direito de autodefesa é muito legítimo e está na carta da ONU e não há questões sobre isso. (...) Moçambique defende negociações como solução para o conflito, e defendemos isso com base na nossa experiencia nacional. Tivemos muitos conflitos e sempre os resolvemos através de negociações e meios pacíficos", advogou o embaixador moçambicano.
Numa conferência de imprensa para a apresentar a agenda de Moçambique para a presidência mensal do Conselho de Segurança, Pedro Afonso foi abordado sobre as abstenções de Moçambique em várias resoluções contra a Rússia que foram a votos nas Assembleia Geral da ONU e argumentou que o seu país apenas defende "os princípios entranhados na Constituição moçambicana e na carta da ONU", aludindo à "defesa a Paz e à resolução de conflitos por meios pacíficos".
O diplomata frisou ainda que "não se pode forçar as duas partes a negociar", mas defendeu a necessidade de "se continuar a instá-las a colocar de parte as suas diferenças" e avançar no processo de negociação.
No dia em que Moçambique assume a liderança mensal rotativa do Conselho de Segurança da ONU, a chefe da diplomacia moçambicana, Verónica Macamo, disse que o seu país defende a paz na Ucrânia, "como todo o mundo", mas privilegia como caminho para lá chegar uma "pressão positiva", considerando infrutíferas as resoluções a condenar a Rússia
A ministra rejeitou ainda qualquer contradição entre as palavras e ações, quando confrontada com as sucessivas abstenções de Moçambique nas resoluções da Assembleia-Geral das Nações Unidas a condenar a agressão militar russa.
"Não, não há contradição, porque estamos como todo o mundo está", em defesa da paz, e "o problema são os caminhos" para a alcançar, disse, apontando que "Moçambique acha que é importante" que seja exercida "uma pressão positiva para que a Ucrânia e a Rússia se sentem à mesa para ultrapassar o problema", pois todos os conflitos só terminam na mesa de negociações.
Verónica Macamo disse não conhecer ninguém "que não queira a paz" na Ucrânia, mas salientou que há diferentes abordagens, e enquanto "uns pensam que é por via de resoluções, outros pensam que é pela via do diálogo".
"Se olharmos para as resoluções que passaram, e já são muitas, alguma coisa mudou? Então pensamos que se calhar há que mudar de estratégia. Mas não há contradição, estamos todos pela paz", declarou.
Na mais recente votação, realizada a 23 de fevereiro passado, a Assembleia Geral da ONU aprovou, com uma esmagadora maioria de 141 votos, uma resolução que exige a "retirada imediata" das tropas russas da Ucrânia e pede "uma paz abrangente, justa e duradoura".
O projeto de resolução, elaborado pela Ucrânia e aliados com apoio da União Europeia, obteve 141 votos a favor, sete contra e 32 abstenções dos 193 Estados-membros da ONU, reforçando mais uma vez o isolamento de Moscovo na panorama internacional.
Votaram contra este texto a Rússia, Bielorrússia, Síria, Coreia do Norte, Eritreia, Mali e Nicarágua, e entre os países que se abstiveram estão China, Angola, Moçambique e Cuba.
Moçambique iniciou em 03 de janeiro o seu mandato de dois anos como membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU e, durante o mês de março, assumirá a presidência rotativa do órgão.
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