Com a invasão russa, milhões de cidadãos ucranianos foram obrigados a fugir das suas habitações. Nas bagagens levavam dinheiro e objetos de valor com que tentavam manter-se nos países de acolhimento.
No entanto, um gangue de Torrevieja, na província espanhola de Alicante, destino de grande parte dos 35 mil refugiados estabelecidos naquele local desde o início do conflito, especializaram-se a roubar esses pertences.
Uma operação da Guardia Civil, iniciada em maio do ano passado, terminou com a detenção dos dez integrantes do grupo criminoso, a quem são imputados pelo menos sete assaltos a vivendas, conta o La Vanguardia. As autoridades recuperaram 1,25 milhões de euros em dinheiro, joias, telemóveis e computadores.
Os primeiros indícios dos crimes surgiram em meados do ano passado, depois da denúncia de vários roubos com violência em vivendas de Torrevieja e Orihuela Costa. Todas as vítimas eram refugiados ucranianos que guardavam em casa os pertences.
Os assaltos, alguns em plena luz do dia, não deixavam mais rasto do que leves danos nas fechaduras e eram sempre quando os proprietários estavam fora de casa. Além de dinheiro, em euros e dólares, e moeda de países como Roménia ou Bulgária, os ladrões levaram joias, relógios, bolsas, perfumes e óculos de marca ou telemóveis, computadores e tablets de última geração. Num dos roubos, na cidade de Pilar de la Horadada, levaram dois álbuns de selos, uma coleção avaliada em meio milhão de euros.
Inicialmente, a polícia só conseguia identificar as características das vítimas como ponto em comum nos casos. Mas depois detetaram a presença prévia, em todas as casas assaltadas, de veículos da mesma pessoa - um cidadão de nacionalidade russa com mais de 30 carros em seu nome, da sua mulher e do seu filho.
Os membros da gangue controlavam também os movimentos das vítimas, chegando a instalar GPS nos seus carros, para saber onde estavam em tempo real e assim garantir o "controlo total das vítimas".
Dos dez detidos, sete eram de nacionalidade ucraniana, dois com documentação de refugiados, além do casal russo e do filho. Sete foram condenados a pena de prisão por crimes contra a privacidade, roubo violento e associação criminosa.
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