A denúncia foi feita por um conselheiro do diretor geral da empresa russa responsável pela energia nuclear para fins civis, a Rosenergoatom.
"Os nossos agentes de segurança, que asseguraram todo o processo da reunião dos inspetores da AIEA, ficaram sob forte fogo de metralhadora", disse Renat Karchaa ao canal de televisão Russia-24, citado pela agência oficial russa TASS.
"Apenas por milagre dois dos nossos agentes de segurança sobreviveram", afirmou.
Segundo Karchaa, representantes das agências de segurança da Ucrânia que acompanharam a missão "não compreenderam o que estava a acontecer".
Na sua perspetiva, isso mostra a "total falta de controlo" da situação na secção da linha de contacto.
Karchaa disse à TASS, na quinta-feira, que a rotação dos peritos da AIEA só se concretizou à quarta tentativa.
Ainda segundo a mesma fonte, o Departamento de Segurança da ONU impediu-a três vezes, apesar de o lado russo ter fornecido todas as garantias de segurança.
A central nuclear de Zaporijia (sudeste) é a maior do género da Europa e está sob ocupação das forças russas desde os primeiros dias da guerra contra a Ucrânia.
A AIEA deu conta da rotação dos seus peritos num comunicado disponibilizado no seu 'site', mas sem referir o incidente denunciado pela parte russa.
Disse que a rotação de peritos se "prolongou por muito tempo" e que a sua concretização pôs "fim a um impasse" que estava a condicionar os seus esforços para apoiar a segurança da central.
Trata-se da sexta equipa enviada pela AIEA para a central desde 01 de setembro de 2022, quando o diretor-geral da agência, Mariano Grossi, criou a missão de apoio e assistência a Zaporijia.
"Separadamente, equipas de peritos da AIEA estão também a rodar esta semana em três outras instalações nucleares na Ucrânia, onde a agência estabeleceu uma presença contínua em janeiro: as centrais nucleares de Rivne, Ucrânia-Sul e Khmelnitsky", acrescentou Grossi.
A agência Ukinform noticiou hoje que o chefe da administração militar de Zaporijia, Yuriy Malashko, e representantes de agências da ONU, organizações internacionais e parceiros da Ucrânia que estão em Zaporijia visitaram o local de um ataque com foguetes a um edifício residencial.
O ataque, na quinta-feira, terá provocado dois mortos, segundo as autoridades ucranianas.
As informações divulgadas pelos dois lados sobre o curso da guerra não podem ser verificadas de imediato de forma independente.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, mergulhando a Europa naquela que é considerada a pior crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Desconhece-se o número de baixas civis e militares, mas diversas fontes, incluindo a ONU, admitem que será elevado.
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