"É uma coligação pré-eleitoral para reforçar a nossa força. Neste país, até os partidos grandes precisam de coligações, quer pré-eleitoral quer pós-eleitoral. Decidimos fazer uma coligação com a APMT porque consideramos que isso reforça as nossas possibilidades", disse à Lusa Agostinho Gomes, presidente do Partido Democrático República de Timor (PDRT).
A aliança com a Associação Popular Monarquia Timorense (APMT), também sem representação parlamentar atual, será formalizada agora junto da Comissão Nacional de Eleições (CNE), antes da apresentação ao Tribunal de Recurso.
O PDRT foi um dos partidos que apoiou um candidato presidencial próprio nas eleições do ano passado, tendo Anacleto Ferreira, secretário-geral do partido, sido o sexto mais votado na primeira volta, com 13.205 votos (2,03%).
"Os resultados das presidenciais foi o que nos motivou a avançar e a fortalecer o nosso trabalho para as eleições legislativas. Nas presidenciais alguns dos nossos militantes em algumas das bases, Ermera e Bobonaro, decidiram votar pelo atual presidente José Ramos-Horta e noutros locais votaram pelo candidato Lere Anan Timur", disse.
Um apoio a figuras históricas do país mas que o PDRT espera que se canalize agora para uma força política que quer trazer novas caras à política nacional.
"Este é o momento oportuno. Até quando temos que esperar? Estamos sempre num círculo vicioso e nunca mais saímos daí. Precisamos de uma força alternativa, de caras novas na política timorense", afirmou.
"Se tivermos um papel a decidir o futuro Governo, não vamos só formar com um ou outro. Vamos obrigar os maiores a sentarem-se à mesa. Estamos conscientes de que quer o atual bloco do Governo quer o CNRT sozinhos não conseguem fazer milagres e resolver os problemas", vincou.
Gomes refere que a conjuntura do país "continua a ser muito complicada" e que, por isso, é necessário "apostar em consensos nacionais", procurando "falar menos da história e falar mais do futuro".
"Estamos convictos de que vamos ultrapassar a meta dos 4%", disse, referindo-se à barreira mínima de votos válidos necessária para eleger deputados.
Em termos da campanha, Gomes explica que os dois partidos não vão apostar em grandes comícios, preferindo diálogos mais pequenos, a nível local e comunitário.
"Não temos muito dinheiro e não vamos fazer essa campanha de andar só para aí a fazer festas, dar camisolas e comida. Não vamos fazer grandes campanhas. Vamos antes apostar no porta a porta, que consideramos que é mais eficaz, pela nossa experiência. Falar diretamente com o eleitorado, reunir as pessoas na comunidade e conversar", disse.
Este fim de semana formalizou-se já uma outra coligação, a Frente Ampla Democrática (FAD) que reúne dois partidos com assento parlamentar, a União Democrática Timorense (UDT) e a Frente Mudança (FM), além do Centro de Ação Social Democrática Timorense (CASDT) e do Partido Desenvolvimento Nacional (PDN), ambos sem assento parlamentar.
Já anunciada no final de janeiro foi a coligação Aliança Democrata (AD) que reúne três forças políticas: a Aliança Nacional Democrata (AND), cujo processo de registo ainda não está concluído, e ainda o Partido de Desenvolvimento Popular (PDP) e o Partido Liberta Povo Aileba (PLPA).
Recorde-se que termina no domingo o prazo definido no calendário eleitoral das eleições legislativas, aprovado pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), para a "constituição de coligações partidárias e comunicação à CNE".
O método de Hondt aplicado em Timor-Leste implica que os votos em forças que não consigam eleger ninguém para o Parlamento, de 65 lugares, sejam redistribuídos proporcionalmente pelos partidos que elegem deputados.
Nas eleições presidenciais, do ano passado, registaram-se cerca de 650 mil votos válidos, pelo que se essa taxa de participação se repetir, a barreira de 4% rondaria os 26 mil votos.
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