El Salvador descarta devolver cidadão deportado por engano aos EUA

O Presidente de El Salvador descartou esta segunda-feira, num encontro com o homólogo norte-americano, Donald Trump, devolver aos Estados Unidos o salvadorenho que foi enviado por engano para uma prisão naquele país centro-americano, alegando que é um terrorista.

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© MARVIN RECINOS/AFP via Getty Images

Lusa
14/04/2025 19:04 ‧ ontem por Lusa

Mundo

El Salvador

"Claro que não vou fazer isso. Como poderia enviar um terrorista para os Estados Unidos?" respondeu Nayib Bukele, quando questionado pela imprensa na Sala Oval da Casa Branca, em Washington.

 

O Supremo Tribunal dos Estados Unidos ordenou na quinta-feira o regresso ao território norte-americano do salvadorenho Kilmar Ábrego García, que foi enviado para o Centro de Confinamento de Terroristas (Cecot) em El Salvador, apesar de ter uma ordem judicial contra a sua deportação.

As autoridades de migração dos Estados Unidos reconheceram ter deportado por engano Ábrego García, residente em Maryland e casado com uma cidadã norte-americana.

"Não o vou libertar. Não gostamos de libertar terroristas no nosso país", acrescentou Bukele, que disse que El Salvador se tinha tornado no Estado mais seguro do continente e que, se soltasse criminosos, voltaria a ser "a capital mundial dos assassínios".

Anteriormente, na mesma reunião, e questionada pelo próprio Trump, a procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, argumentou que o regresso de Ábrego García é da responsabilidade do Governo salvadorenho, uma vez que está agora sob a sua custódia.

"Isso é um problema de El Salvador se querem devolvê-lo, não depende de nós", disse Bondi.

No entanto, salientou que Ábrego García, que não tem antecedentes criminais nos Estados Unidos, é membro do gangue Mara Salvatrucha (MS-19) e vivia ilegalmente nos Estados Unidos desde 2019.

No mesmo encontro, Donald Trump agradeceu a Nayib Bukele por aceitar centenas de migrantes expulsos dos Estados Unidos sob acusações de terrorismo, a fim de resolver o problema das "fronteiras abertas" que diz ter herdado das administrações anteriores.

"Tínhamos pessoas estúpidas a governar este país, e posso dizer que o que nos fizeram na fronteira nunca deve e nunca será esquecido. O que fizeram foi um pecado, e vocês estão a ajudar-nos. Agradecemos", transmitiu Trump a Bukele.

Segundo o Presidente salvadorenho, os Estados Unidos têm um problema "com o crime e o terrorismo" e o seu país, apesar de pequeno, está disposto a ajudar, referindo-se a Trump como o "líder do mundo livre".

Os dois dirigentes reuniram-se hoje na Casa Branca com o foco em acordos de imigração.

O Presidente norte-americano já tinha recebido outros líderes latino-americanos desde o início do seu segundo mandato, em 20 de janeiro, mas esta é a primeira vez que um encontro se realiza na Casa Branca, em vez da sua residência privada em Mar-a-Lago, na Florida.

A reunião acontece numa altura em que El Salvador assinou um acordo com Washington para receber migrantes expulsos dos Estados Unidos e detê-los numa prisão de segurança máxima, em troca de um pagamento até seis milhões de dólares (5,2 milhões de euros) anuais.

O Cecot é uma prisão conhecida pelos abusos dos direitos humanos, e a legalidade do envio de migrantes para El Salvador tem sido posta em causa por organizações de defesa dos direitos civis, que apresentaram vários processos para bloquear a expulsão de mais pessoas para o país centro-americano.

A administração Trump enviou um total de 232 migrantes, a maioria venezuelanos, para o Cecot, acusando-os de pertencerem ao gangue criminoso Tren de Aragua (TdA).

De acordo com uma análise publicada na quinta-feira pela agência noticiosa Bloomberg, 90% dos mais de 200 homens detidos não têm antecedentes criminais nos Estados Unidos.

No âmbito da enorme ofensiva imigratória de Trump, Washington declarou que a TdA está a invadir o seu território e invocou uma lei de 1798, a Lei dos Inimigos Estrangeiros, para agilizar os procedimentos de deportação contra alegados membros da organização criminosa.

Leia Também: Trump reúne-se com presidente de El Salvador sobre questão da imigração

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