Mais alunas envenenadas no Irão. Número total de casos sobe para centenas
Novas dezenas de alunas iranianas foram envenenadas em pelo menos cinco províncias do Irão, tendo sido transferidas para hospitais da região, situação que eleva para centenas o total de casos, noticiaram hoje os meios de comunicação social locais.
© Lusa
Mundo Irão
Segundo as informações das agências de notícias locais Tasnim e Mehr, dezenas de raparigas foram transferidas para hospitais nas províncias de Hamedan (oeste), Zanjan e oeste de Azebaidjan (noroeste), Fars (sul) e Alborz (norte).
De acordo com a mesma informação, o estado geral de saúde destas estudantes, que sofrem de problemas respiratórios, tonturas ou dores de cabeça, não é considerado grave, mas esta situação eleva para centenas os casos de intoxicação por gás em várias escolas do país nos últimos três meses, especialmente na cidade sagrada de Qom.
A situação provocou a mobilização de pais de crianças em idade escolar, que apelaram às autoridades para agirem.
Na sexta-feira, o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, apelou aos ministérios do Interior e dos Serviços Secretos para que "desvendassem a conspiração do inimigo para criar medo e desespero entre a população", sem especificar.
O governo iraniano iniciou ainda uma investigação sobre as origens do envenenamento, mas não foram anunciadas quaisquer detenções nesta fase.
Os ataques relatados estão a acontecer num momento sensível no Irão, que enfrenta há meses protestos após a morte da jovem Mahsa Amini, depois da sua detenção em setembro pela polícia de moralidade do país.
As autoridades ainda não identificaram suspeitos, mas os recentes ataques levantaram receios de outras raparigas poderem ter sido envenenadas apenas por frequentarem a escola.
Os primeiros casos surgiram no final de novembro em Qom, cerca de 125 quilómetros a sudoeste da capital do Irão, Teerão. Estudantes do Conservatório de Noor Yazdanshahr adoeceram em novembro e ficaram novamente doentes em dezembro.
As estudantes queixaram-se de dores de cabeça, palpitações cardíacas, letargia e paralisia. Algumas alunas descreveram um cheiro a tangerinas, a cloro ou a agentes de limpeza.
É inverno no Irão, onde as temperaturas geralmente caem abaixo de zero à noite. Muitas das escolas são aquecidas a gás natural, levando a especulação sobre os envenenamentos poderem dever-se a monóxido de carbono.
As escolas afetadas eram destinadas a apenas mulheres jovens, alimentando suspeitas de que os casos não foram acidentais. Pelo menos um caso ocorreu em Teerão, com outros em Qom e Boroujerd. Pelo menos uma escola de rapazes também foi alvo.
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