Há pelo menos a confirmação de que 13 mil crianças ucranianas que já foram deportadas para a Rússia pelas forças de Moscovo desde o início da guerra, reporta a presidente do comitê parlamentar de integração da União Europeia (UE).
Ivanna Klympush-Tsintsadze afirmou à Sky News que pode haver ainda mais "dezenas de milhares", dando o alerta para o desaparecimento de crianças de origem ucraniana há vários meses.
"Temos cerca de 13 mil casos confirmados de que crianças ucranianas foram deportadas para diferentes partes da Federação Russa. No entanto, também temos informações sobre muitos outros que são contados em dezenas de milhares. Isso faz parte do genocídio que os russos estão a conduzir contra a nação ucraniana", disse Klympush-Tsintsadze, explicando que as forças de Moscovo estão a transformar essas crianças "numa nacionalidade diferente".
"Porque transformar crianças, sequestrá-las e transformá-las em nacionalidades diferentes, espalhando-as pela Federação Russa e entregando-as a famílias russas, isso é apenas outro traço de genocídio que está a ocorrer agora no centro da Europa", explicou.
A sua declaração surge após uma notícia do The Sunday Times que dava conta que crianças ucranianas estavam a ser levadas em viagens escolares, mas muitas nunca mais voltaram para os braços da família.
"Alguns deles foram levados para os chamados acampamentos de verão ou acampamentos de férias por uma semana e nunca mais voltaram. E alguns deles já foram dados para adoção a famílias russas como se não tivessem as suas próprias famílias na Ucrânia", acrescentou ainda, referindo que o número total de casos só será conhecido quando todos os territórios ucranianos forem libertados.
"Acho que o alcance dessas atividades absolutamente trágicas que estão a ser realizadas pelas autoridades russas só será descoberto depois de sermos capazes de libertar todos os territórios da Ucrânia. E isso é algo que aquelas pessoas que estão a sugerir territórios pacíficos não entendem: o sofrimento, as tragédias, as torturas, os sequestros, deportações", salientou.
Klympush-Tsintsadze disse, por fim, ter conseguido devolver cerca de 100 crianças ucranianas às suas famílias com a ajuda de grupos de direitos humanos e outras organizações.
Recorde-se que o conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou a 24 de fevereiro de 2022 com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 12 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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