Sismo. Damasco bloqueia cerca de 100 camiões de ajuda para Alepo

O Governo da Síria impediu a entrada de pelo menos 100 camiões com ajuda humanitária na região síria de Alepo, devastada por sismos em fevereiro passado, denunciou hoje a Amnistia Internacional.

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© REUTERS/Khalil Ashawi

Lusa
06/03/2023 17:34 ‧ 06/03/2023 por Lusa

Mundo

Amnistia Internacional

No dia em que se assinala um mês após os sismos devastadores que atingiram o sudeste da Turquia e o norte da Síria, a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos acusou o regime de Damasco de ter bloqueado, entre 09 e 22 de fevereiro, a distribuição de alimentos, de equipamentos médicos e de tendas naquela região de maioria curda.

Durante o mesmo período, adiantou a Amnistia Internacional, grupos de oposição armados apoiados pela Turquia, que fazem parte de uma coligação armada chamada Exército Nacional Sírio, também impediram a entrada de pelo menos 30 camiões de ajuda em Afrin, uma cidade a norte de Alepo ocupada pela Turquia.

"Em ambos os casos, a ajuda foi enviada por autoridades curdas, com quem o Governo sírio e os grupos armados apoiados pela Turquia lutaram pelo controlo de territórios do norte da Síria", apontou a ONG.

"Os terramotos deixaram dezenas de milhares de pessoas em Alepo, que já eram vítimas de um conflito armado com mais de uma década, numa situação de miséria. Mas, mesmo neste momento de desespero, o Governo sírio e os grupos armados de oposição cederam a considerações políticas e aproveitaram-se do sofrimento das pessoas para promover as suas próprias agendas", afirmou a vice-diretora da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e norte de África, Aya Majzoub, citada num comunicado da organização.

Para Aya Majzoub, estas obstruções a uma ajuda humanitária essencial foram motivadas por questões políticas e tiveram consequências trágicas, "especialmente para as equipas de procura e resgate das pessoas que ficaram entre os destroços, porque precisavam de combustível para as máquinas".

"Todas as partes do conflito, incluindo o Governo sírio e os grupos armados apoiados pela Turquia, deviam dar prioridade às necessidades dos civis cujas vidas ficaram suspensas por esta catástrofe natural e garantir que estas pessoas têm acesso irrestrito a ajuda", defendeu.

No dia 06 de fevereiro, dois terramotos de magnitude 7,7 e 7,6 na escala de Richter atingiram a Turquia e o norte da Síria, tendo sido seguidos de várias réplicas, destruindo milhares de casas em locais onde viviam milhões de pessoas.

A ONU estima que pelo menos 6.000 pessoas na Síria tenham morrido devido aos sismos e que mais de 8 milhões precisem urgentemente de ajuda, incluindo 4,1 milhões de pessoas em áreas controladas pela oposição no norte do país e 4 milhões de pessoas em áreas controladas pelo Governo.

Desde a tragédia, 2,7 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas por terem sido destruídas ou terem ficado fortemente danificadas.

Há quase duas semanas, a União Europeia (UE) decidiu modificar temporariamente as sanções contra o regime do Presidente sírio para facilitar a rápida entrega de ajuda humanitária às vítimas dos sismos, tendo o Conselho da UE explicado que as sanções em vigor são dirigidas contra Bashar al-Assad e os seus apoiantes e contra os setores da economia que beneficiam com o regime, mas incluem uma ampla exceção humanitária.

A alteração estará em vigor por um período de seis meses e isenta as organizações humanitárias da necessidade de solicitar autorização prévia às autoridades nacionais competentes dos Estados-membros da UE para efetuar doações ou fornecer bens e serviços destinados a fins humanitários.

No dia do sismo, a UE ativou a Resposta Integrada à Crise Política para coordenar as medidas de apoio e nos dias seguintes, 08 e 09 de fevereiro, as autoridades sírias e o Programa Alimentar Mundial na Síria solicitaram a ativação do Mecanismo de Proteção Civil da UE.

Dez países da UE já ofereceram tendas, sacos de dormir, colchões, camas, comida e roupas de inverno e Bruxelas já forneceu mais de 3,5 milhões de euros em ajuda humanitária para cobrir as necessidades mais urgentes no terreno.

O regime de sanções da UE foi introduzido em 2011 em resposta à violenta repressão da população síria pelo regime de Assad e aliados e inclui 291 pessoas, que têm os seus bens congelados e estão proibidas de viajar para a UE, e 70 entidades.

Leia Também: Sismos na Turquia? "O pior desastre natural num século na Europa"

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