Qatargate. Tarabella pede afastamento de responsável por investigação
Bruxelas, 07 mar 2023 (Lusa) -- O eurodeputado belga Marc Tarabella, detido pela ligação ao alegado esquema de subornos no Parlamento Europeu (PE) envolvendo Qatar e Marrocos ('Qatargate') pediu hoje o afastamento do juiz responsável pela investigação.
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A decisão será tomada em oito dias, presumivelmente em 14 de março, noticiou a agência France-Presse (AFP).
Tarabella, de 59 anos, compareceu hoje perante o Tribunal de Recurso de Bruxelas, tendo sido escoltado por três polícias, sentando-se na primeira fila, embora não tenha prestado declarações durante a audiência.
O eurodeputado do grupo dos Socialistas e Democratas (S&D) no PE foi detido em 11 de fevereiro, tendo alegado a sua inocência desde que foi implicado no 'Qatargate'.
O seu advogado, Maxim Töller, manifestou-se hoje contra o juiz responsável pelo caso, Michel Claise, acusando-o de ter "descrito com precisão" os alegados atos de corrupção implicando o eurodeputado, sem o distanciamento e a dúvida impostos pela sua função.
"Como confiar neste juiz de instrução (...)? Quando se lista os indícios [de culpa] deve-se ter cuidado com as palavras que se usa", frisou Töller.
A investigação do juiz, que também levou à detenção da eurodeputada grega Eva Kaili, também dos S&D, prende-se com suspeitas de interferência do Qatar e de Marrocos nas posições assumidas pelo PE, através de pagamentos em numerário que transitavam pelo ex-deputado italiano Pier Antonio Panzeri, também acusado.
Em concreto, no seu mandado de detenção contra Tarabella, Michel Claise argumenta que as posições do eurodeputado belga sobre o Qatar, inicialmente muito críticas, "foram invertidas do momento em que foram detetados movimentos de fundos suspeitos".
No entanto, de acordo com Töller, por um lado, nenhum movimento suspeito foi detetado nas contas bancárias do seu cliente. Por outro lado, as palavras do eurodeputado belga sobre "o progresso do Qatar" em termos de respeito pelos direitos dos trabalhadores são anteriores às descobertas de sacos de dinheiro - em 09 de dezembro de 2022, nas casas de Panzeri e Kaili em Bruxelas.
Na ausência do juiz Michel Claise - pois o processo não prevê que este se defenda - um procurador defendeu a investigação, considerando "manifestamente improcedente" o pedido de indeferimento.
"Não há violação da presunção de inocência, o juiz de instrução limitou-se a anotar os graves indícios de culpa, como lhe era exigido", argumentou.
Na sequência do escândalo de corrupção 'Qatargate', três pessoas estão atualmente em prisão preventiva na Bélgica, suspeitas de durante vários anos terem intercedido a favor de potências estrangeiras nas decisões do PE, em troca de pagamentos em dinheiro.
Além de Kaili e Tarabella, está detido também Pier Antonio Panzeri, ex-eurodeputado (2004-2019) e considerado o cabecilha do esquema de corrupção.
No entanto, Panzeri fez um acordo para colaborar com a investigação judicial belga como "arrependido", em troca de uma redução da sentença.
Um quarto suspeito, o eurodeputado italiano Andrea Cozzolino, foi detido e depois colocado em prisão domiciliária em 11 de fevereiro, em Itália, contestando nos tribunais italianos a sua extradição para a Bélgica.
Por fim, o assessor parlamentar Francesco Giorgi, amigo próximo de Panzeri e companheiro de Kaili, foi colocado com pulseira eletrónica no final de fevereiro, após mais de dois meses de detenção na Bélgica.
Francesco Giorgi fez parte da primeira ronda de detenções, em 09 de dezembro em Bruxelas, quando os investigadores apreenderam 1,5 milhões de euros em dinheiro distribuído em sacos ou malas.
Qatar e Marrocos negaram veementemente nos últimos três meses que estivessem na origem de qualquer esquema de corrupção.
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