As relações entre o grupo Wagner, a milícia armada privada liderada pelo influente oligarca Yevgeny Prigozhin, e o Ministério da Defesa russo continuam a tornar-se cada vez mais tensas. Esta segunda-feira, o 'think tank' norte-americano Institute for the Study of War (ISW) afirmou, no seu mais recente relatório sobre a guerra, que o Kremlin estará a utilizar soldados do Wagner de forma deliberadamente danosa, de modo a "gastar" os recursos e os homens da milícia e reduzir, assim, as ambições de Prigozhin.
Para o instituto de investigação bélica, o Ministério da Defesa russo "está atualmente a priorizar eliminar o Wagner do campo de batalha em Bakhmut, o que provavelmente abrandou o ritmo de avanço na área".
"O MoD (Ministério da Defesa) russo - está provavelmente a aproveitar a oportunidade para deliberadamente gastar tanto as forças de elite e os prisioneiros do grupo Wagner, num esforço para enfraquecer Prigozhin e descarrilar as suas ambições de ter uma maior influência no Kremlin", explica o ISW.
Here are today's control-of-terrain maps of #Russia's invasion of #Ukraine from @TheStudyofWar & @criticalthreats.
— ISW (@TheStudyofWar) March 12, 2023
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O Kremlin estará também a limitar cada vez mais as ações de recrutamento do grupo Wagner e o acesso a munições. A milícia paramilitar já tinha conseguido aumentar em 40 mil homens, através do recrutamento de prisioneiros russos, mas em 2023 o governo russo passou a restringir esta opção.
O ISW explica que "Putin provavelmente parou o ministério de atacar diretamente Prigozhin, mas criou em vez disso condições nas quais a liderança militar russa possa reassumir mais autoridade", ganhando argumentos para criticar as elevadas baixas em Bakhmut. Esta nova lógica contra o influente empresário tem gerado um "intensificar das suas críticas contra o Kremlin e tem aumentado o conflito entre as forças Wagner e a liderança militar".
Uma das causas em torno deste deterioramento das relações entre o Kremlin e Prigozhin estará uma suposta promessa do oligarca de tomar Bakhmut em maio de 2022, pedindo acesso ao armamento russo para o fazer.
Entretanto, o conflito e a batalha na cidade prolongaram-se e, à data, a cidade continua a ser contestada pelos dois lados.
O grupo Wagner tornou-se numa entidade mais pública e conhecida com o prolongar da invasão da Ucrânia. Antes, a milícia era apenas um braço obscuro do Kremlin, que procurava servir os interesses da Rússia através de ações noutros países, especialmente no continente africano, com o Wagner a estar ligado a massacres e operações na República Centro-Africana, no Mali, entre outros países.
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