O recurso apresentado pela defesa da ex-vice-presidente do PE foi novamente rejeitado em audiência à porta fechada no tribunal, adiantou à agência Efe um porta-voz do Ministério Público.
Eva Kaili está acusada de organização criminosa, corrupção e branqueamento de capitais.
O mesmo tribunal também rejeitou hoje o recurso interposto pelo eurodeputado belga Marc Tarabella contra a decisão do dia 03 do Ministério Público de Bruxelas de manter ambos em prisão preventiva.
Depois, o tribunal estendeu o regime de prisão preventiva por mais dois meses para Kaili e por um mês para Tarabella.
Kaili, de 44 anos, regressará dentro de 15 dias para pedir novamente à Justiça belga a sua liberdade com pulseira eletrónica, após a rejeição de hoje do pedido, divulgou a assessoria de imprensa do Ministério Público.
Já o Tribunal de Recurso de Bruxelas rejeitou na terça-feira o pedido de afastamento do juiz de instrução Michel Claise, encarregado pela investigação do 'Qatargate', segundo um porta-voz da procuradoria federal belga.
"Tomamos nota da decisão de manter o juiz no cargo. Se o processo de recusa conseguiu obter uma instrução imparcial, não terá sido em vão", reagiu, por sua vez, a defesa de Marc Tarabella, que tinha pedido o afastamento acusando o juiz de ter "descrito com precisão" os alegados atos de corrupção implicando o eurodeputado, sem o distanciamento e a dúvida impostos pela sua função.
O Ministério Público Federal belga conduz há vários meses uma investigação em larga escala sobre alegadas tentativas do Qatar de influenciar as decisões económicas e políticas do PE, pagando grandes quantias de dinheiro ou oferecendo presentes a pessoas que ocupam uma posição política ou estratégica dentro e perto do hemiciclo europeu.
Marrocos também surge nesta investigação, com uma possível tentativa de corrupção liderada pela sua agência de inteligência -- DGED -- e pelo seu embaixador na Polónia, Abderrahim Atmoun.
Na sequência do escândalo de corrupção 'Qatargate', três pessoas estão atualmente em prisão preventiva na Bélgica, suspeitas de durante vários anos terem intercedido a favor de potências estrangeiras nas decisões do PE, em troca de pagamentos em dinheiro.
Além de Kaili e Tarabella, está detido também Pier Antonio Panzeri, ex-eurodeputado (2004-2019) e considerado o cabecilha do esquema de corrupção.
No entanto, Panzeri fez um acordo para colaborar com a investigação judicial belga como "arrependido", em troca de uma redução da sentença.
Um quarto suspeito, o eurodeputado italiano Andrea Cozzolino, foi detido e depois colocado em prisão domiciliária em 11 de fevereiro, em Itália, contestando nos tribunais italianos a sua extradição para a Bélgica.
Por fim, o assessor parlamentar Francesco Giorgi, amigo próximo de Panzeri e companheiro de Kaili, foi colocado com pulseira eletrónica no final de fevereiro, após mais de dois meses de detenção na Bélgica.
Francesco Giorgi fez parte da primeira ronda de detenções, em 09 de dezembro em Bruxelas, quando os investigadores apreenderam 1,5 milhões de euros em dinheiro distribuído em sacos ou malas.
Qatar e Marrocos negaram veementemente nos últimos três meses que estivessem na origem de qualquer esquema de corrupção.
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