Etiópia: Acusações dos EUA sobre crimes no Tigray são "injustificadas"

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Etiópia disse hoje que as acusações dos EUA sobre crimes de guerra na região de Tigray são inflamatórias e seletivas, porque distribuem responsabilidades injustamente entre as partes no conflito.

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Lusa
21/03/2023 10:40 ‧ 21/03/2023 por Lusa

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Etiópia

Na segunda-feira, o Governo norte-americano, através do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, determinou que todos os lados do conflito na região de Tigray, no norte da Etiópia, cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

O secretário de Estado norte-americano anunciou esta conclusão sobre o conflito menos de uma semana após ter regressado de uma visita à Etiópia, durante a qual se reuniu com as autoridades locais, bem como com as vítimas do conflito.

Antony Blinken disse que após "uma revisão cuidadosa da lei e dos factos" determinou que membros das Forças de Defesa Nacional da Etiópia, Forças de Defesa da Eritreia, Forças da Frente de Libertação do Povo Tigray e Forças de Amhara cometeram crimes de guerra durante o conflito no norte da Etiópia, que eclodiu em novembro de 2020 e que foi objeto de um acordo de paz em novembro passado.

Hoje, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros etíope, respondeu que o "governo da Etiópia não aceita as condenações gerais contidas nesta declaração [americana] e não vê sentido em tal abordagem unilateral e antagónica".

De acordo com o Ministério, a declaração é seletiva porque distribui as responsabilidades injustamente entre as partes e sem motivo aparente.

"À medida que a Etiópia implementa o processo de paz, tal divisão de responsabilidades é injustificada e prejudica o apoio dos EUA a um processo de paz inclusivo na Etiópia", é referido na nota.

Para ao governo da Etiópia, a declaração dos EUA é "inflamatória" e "será usada para alimentar campanhas (...) colocando comunidades umas contra as outras".

"A Etiópia continuará a implementar todas as medidas para responsabilizar os responsáveis, incluindo a conclusão da consulta nacional sobre justiça de transição e a garantia de que a justiça seja feita para todas as vítimas", disse o governo etíope.

Um acordo de paz, assinado em 02 de novembro de 2022 em Pretória, encerrou dois anos de conflito brutal em Tigray, uma região no norte da Etiópia.

No ano passado, uma comissão de inquérito da Organização das Nações Unidas (ONU) disse ter encontrado evidências de crimes de guerra e crimes contra a humanidade perpetrados por forças do Governo etíope, forças do Tigray e militares da Eritreia.

Em dois anos, o conflito matou cerca de meio milhão de civis apenas no Tigray, de acordo com investigadores da Universidade de Ghent, na Bélgica, um número de mortos repetido por autoridades norte-americanas.

O conflito em Tigray iniciou-se em novembro de 2020 na sequência de um ataque da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês) à base principal do exército federal em Mekelle, após o qual o Governo de Abiy Ahmed ordenou uma ofensiva contra o movimento.

Os combates seguirem-se a meses de tensões políticas e administrativas, incluindo a recusa da TPLF em reconhecer um adiamento das eleições e a sua decisão de realizar eleições regionais à margem de Adis Abeba.

Leia Também: Diplomacia etíope alerta para risco de investigações no Tigray minarem paz

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