O governo britânico anunciou, esta terça-feira, que vai entregar à Ucrânia munições fabricadas com urânio empobrecido, uma decisão justificada pela necessidade de reforçar o apoio militar a Kyiv.
A vice-ministra da Defesa do Reino Unido, Annabel Goldie, indicou que, para além da entrega de tanques de combate Challenger 2, o país enviará "munições, entre as quais se encontram projéteis perfurantes que contêm urânio empobrecido".
Goldie acrescentou que este tipo de munições "são muito eficazes e podem inutilizar tanques e veículos armados modernos", indicou o diário The Guardian.
Vladimir Putin já respondeu e disse que se o Reino Unido enviar munições contendo urânio empobrecido para a Ucrânia, a Rússia será forçada a agir, sugerindo que o envio por parte do Reino Unido equivaleria a uma escalada - porque "o Ocidente coletivamente já está a começar a usar armas com um componente nuclear".
Mas, afinal, o urânio empobrecido pode ser considerado uma arma nuclear?
O urânio empobrecido (DU) é o material deixado para trás depois de a maior parte da forma altamente radioativa do urânio - conhecida como U-235 - ser removida do minério de urânio natural, explica a Sky News.
O U-235 fornece o combustível usado para produzir energia nuclear e as poderosas explosões usadas em armas nucleares.
O DU é menos radioativo, emitindo principalmente partículas alfa, que não têm energia suficiente para atravessar a pele, portanto a exposição no exterior do corpo não é considerada um perigo grave.
Pode ser um perigo grave para a saúde, no entanto, se for ingerido ou inalado.
É considerada uma arma nuclear?
De acordo com o Instituto de Pesquisa de Desarmamento da ONU, munições de urânio empobrecido não podem ser consideradas armas nucleares. O urânio empobrecido não corresponde às definições legais de armas nucleares, radiológicas, tóxicas, químicas, venenosas ou incendiárias.
O DU é usado em armas porque pode penetrar em tanques e blindagens mais facilmente devido à sua densidade e outras propriedades físicas.
O Exército Britânico usa o material nos seus projéteis "há décadas", disse o Ministério da Defesa em resposta aos comentários do líder russo. "É um componente padrão e não tem nada a ver com armas ou capacidades nucleares", diz o MoD. "A Rússia sabe disso, mas está deliberadamente a tentar desinformar", afirmou ainda.
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