O opositor russo Alexei Navalny comentou, esta quarta-feira, a demissão do líder da sua organização de investigação, Leonid Volkov, devido a uma carta enviada ao chefe de diplomacia europeia, Josep Borrell, onde pedia o levantamento das sanções sobre dirigentes de um grupo de entidades, incluindo um dos maiores bancos russos.
Na rede social Twitter, Navalny - que se encontra detido numa prisão de alta segurança na Sibéria - sublinhou que a organização e o movimento que representa “lutam por um futuro melhor” para a Rússia, onde existam “regras e leis justas”.
“Na nossa opinião, uma destas regras é que os líderes sejam responsáveis pelas suas decisões. Isto inclui a forma mais importante de responsabilidade que, infelizmente, está praticamente ausente na Rússia - a responsabilidade voluntária”, disse Navalny, antes de se referir diretamente ao incidente com Leonid Volkov, um “amigo e colega de longa data”.
Segundo o opositor do Kremlin, Volkov cometeu “um erro significativo”, que “reconheceu publicamente” e levou à sua demissão.
Acreditando que o líder da Fundação Anticorrupção “agiu de boa fé”, Navalny considerou, no entanto, que “a carta de Leonid [Volkov] a Josep Borrell era política e tecnicamente incorreta e enganosa”.
7. Nevertheless, Leonid's letter to Josep Borrell was politically incorrect, technically inaccurate and misleading.
— Alexey Navalny (@navalny) March 22, 2023
“Volkov cometeu um erro, assumiu a responsabilidade por ele, e demitiu-se. O Conselho de Administração aceitou essa demissão”, disse Navalny, acrescentando estar “grato” pela “rápida e responsável reação”.
O caso tornou-se conhecido no início do mês, quando o antigo editor-chefe da agora encerrada estação de rádio Eco de Moscovo, Alexei Venediktov, divulgou o que disse ser uma carta assinada por Leonid Volkov e outras personalidades conhecidas à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a Josep Borrell.
Volkov negou ter assinado o documento, mas divulgou uma cópia de outro que ele próprio tinha enviado a Borrell em outubro, a solicitar o levantamento de sanções.
"Está muito longe da verdade que todos os representantes do setor empresarial russo sejam beneficiários ou apoiantes do regime de Putin", escreveu a Borrell. "Pelo contrário, muitos deles tomaram uma posição firme em apoio da Ucrânia".
Sublinhe-se que o opositor do regime do presidente russo estava a cumprir pena em liberdade condicional após ter sido acusado de fraude – uma acusação que diz ter sido fabricada – quando foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novitchok, em agosto de 2020.
Após aquela que considera ser uma tentativa de assassinato por parte do Kremlin, o opositor de 46 anos foi transferido, a pedido da mulher, da Sibéria para a Alemanha para recuperar. Foi detido ao voltar para a Rússia, a 17 de janeiro de 2021.
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