O antigo presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, alertou, esta quinta-feira, que a detenção do presidente russo no estrangeiro, com base no mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), seria uma "declaração de guerra" a Moscovo.
"Imaginem, claramente que uma situação destas não vai acontecer, mas ainda assim, imaginem que acontecia [a detenção]", referiu o aliado do presidente russo, Putin, mencionando um cenário hipotético: "O líder de um país incumbente na energia nuclear chega à Alemanha e é detido. O que é que isso significa? Uma declaração de guerra contra a Rússia".
Em causa estavam as declarações do ministro federal da Justiça alemão, Marco Buschmann, que deu conta de que Berlim teria de implementar a decisão do TPI e prender o presidente russo caso chegasse à Alemanha. Mas Medvedev classifica-o como "um mau estudante de direito". "Será que percebe que seria uma declaração de guerra? Ou era um mau estudante de direito?", apontou.
"Nesse caso, todas as nossas armas terão como alvo o Bundestag, o escritório do chanceler [alemão] e por aí fora", frisou.
O também atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia enfatizou ainda que a decisão do TPI pode ter um enorme impacto negativo nas relações de Moscovo com o Ocidente. "As nossas relações com o mundo ocidental já eram más mas estão, talvez, no seu pior estado agora", terminou.
Recorde-se que o Tribunal Penal Internacional emitiu, na semana passada, um mandado de captura contra o presidente russo por crimes de guerra, nomeadamente o alegado envolvimento em sequestros de crianças na Ucrânia.
Em comunicado, o TPI acusa Putin de ser "alegadamente responsável pelo crime de guerra de deportação ilegal de população [crianças] e transferência ilegal de população [crianças] de áreas ocupadas da Ucrânia para a Federação Russa".
O TPI também emitiu um mandado para a detenção de Maria Alekseyevna Lvova-Belova, comissária para os Direitos da Criança no Gabinete do Presidente da Federação Russa por acusações semelhantes.
Leia Também: Envio de armas para a Ucrânia aproxima "apocalipse nuclear"