O Partido Republicano do estado do Michigan, nos Estados Unidos, deixou ambos os lados do congresso regional insatisfeitos, depois de uma publicação nas redes sociais em que comparou uma medida de restrição ao porte de armas à opressão durante o Holocausto.
Na publicação, divulgada no Twitter e no Facebook, os conservadores colocaram uma fotografia de anéis, retirados de pessoas judias mortas durante a Segunda Guerra Mundial pelos nazis, escrevendo que "a primeira coisa que o governo faz quando quer controlar totalmente o seu povo é desarmá-lo".
"Antes de recolherem todos estes anéis... recolheram todas as armas", acrescenta a publicação, que critica um recente projeto de lei que visa regular o porte de armas de forma mais eficaz, evitando que as armas de fogo sejam compradas de forma facilitada por pessoas perigosas.
As publicações não caíram bem na comunidade judaica e muito menos nos deputados com raízes judaicas. A senadora Elissa Slotkin, uma democrata na Câmara dos Representantes nacional e eleita pelo estado do Michigan, mostrou-se revoltada com a fotografia, considerando que é ignorante comparar medidas de segurança sobre armas de fogo "à exterminação em massa de seis milhões de pessoas".
Outro democrata, Josh Gottheimer, afirmou que as publicações são "imperdoáveis". "Temos de continuar a mostrar progresso bipartidário em segurança armada como fizemos com o último congresso - e não trivializando o Holocausto ao fazer comparações ignorantes, insultuosas e incorretas", respondeu o congressista do estado da Nova Jérsia.
Já Matt Brooks, de um grupo judaico republicano, apelou à remoção dos 'posts', chamando-os "absolutamente inapropriados e ofensivos".
It’s inexcusable to use the memory of the millions murdered in the Holocaust to score political points.
— Rep Josh Gottheimer (@RepJoshG) March 22, 2023
We must continue to make bipartisan progress on gun safety like we did last Congress — not trivialize the Holocaust by making ignorant, insulting, and incorrect comparisons. https://t.co/haRG29pEEA
Mas a liderança do partido mostrou-se resoluta, com a líder regional republicana, Kristina Karamo, a defender a publicação e a 2.ª emenda constitucional, que tem servido para os conservadores manterem por todo o país várias medidas que permitem o livre acesso, porte e uso de armas de fogo.
As críticas contra o Partido Republicano (o partido que continua muito influenciado pelas políticas e atitudes extremistas de Donald Trump, que o liderou durante a sua presidência) surgem depois de o estado do Michigan, de maioria democrata, ter aprovado uma série de leis para restringir o acesso a armas de fogo, nomeadamente requerendo vários parâmetros para o armazenamento de armas e implementando verificações de cadastro a quem quiser comprar.
Os Estados Unidos são o país do mundo com mais armas de fogo per capita, e os sucessivos bloqueios por parte dos conservadores no Senado têm impedido praticamente todos os presidentes democratas de impor formas de evitar tiroteios em massa através do controlo sobre as armas.
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