O presidente do Sindicato dos Pilotos de Angola, Miguel Prata, que também estava a bordo do avião, como passageiro, referiu que durante cerca de duas horas após a descolagem, a aeronave passou por uma zona de turbulência severa, quando se estava a finalizar o serviço à bordo, havendo uma variação de altitude.
"E que, infelizmente, embora os [indicadores para os] cintos estivessem ligados, provavelmente alguns passageiros e alguns tripulantes podiam não estar com os cintos amarrados, por isso a nossa recomendação, muitas vezes, de manter sempre que estiverem sentados os cintos apertados, porque isto são fenómenos de natureza que nem sempre se pode prever", disse.
O comandante e a tripulação, após avaliarem as condições dos feridos que tinha a bordo e de navegabilidade da aeronave, optaram por "continuar viagem", que Miguel Prata acredita ter sido a decisão mais correta.
"E, efetivamente, pudemos analisar que houve um certo aparato à chegada a Lisboa, de algumas ambulâncias, que foi por precaução para garantir toda a assistência possível e necessária a quem se tivesse magoado", salientou.
O presidente do sindicato realçou que "a maior parte desceu pelo seu próprio pé, alguns auxiliados".
"Mas não houve nada grave, porque de outra forma eu acredito piamente que o comandante tivesse regressado ou até eventualmente aterrado no aeroporto mais próximo", observou.
"Vamos fazer fé que foi a decisão mais acertada, eu confio, a TAAG [companhia aérea angolana], com certeza, fez a avaliação da empresa e não acredito que o comandante tivesse tomado a decisão que não fosse a mais correta", acrescentou.
Foram reportadas dez situações de pessoas com lesões ligeiras, nas quais se incluem oito passageiros e dois membros da tripulação, aos quais foram logo prestados os primeiros socorros a bordo pelo pessoal navegante de cabine e acionados os serviços de emergência em terra, que estavam em prontidão à chegada da aeronave ao aeroporto Humberto Delgado em Lisboa.
A TAAG realça, numa nota sobre o ocorrido, que após observação e avaliação feita pela equipa médica apenas dois passageiros e um membro da tripulação foram encaminhados ao hospital para verificações adicionais, sendo que os restantes passageiros conseguiram desembarcar sem assistência.
A companhia aérea angolana destacou que a aeronave será inspecionada pelas autoridades competentes, estando igualmente a decorrer uma investigação sobre a ocorrência.
"Importa clarificar que a turbulência severa regista neste voo ocorreu em céu aberto, um tipo de turbulência não detetável pelos instrumentos e numa localização geográfica sensivelmente perto do destino final (Portugal) e o comandante tomou a decisão indicada em protocolo de seguir viagem, dentro do plano de voo inicial", refere o comunicado.
A empresa deu nota que outras situações do género já ocorreram no passado, "sendo que a TAAG continuará a garantir a segurança operacional dos voos", realçando "a capacidade e brio da tripulação aos prestar assistência imediata aos passageiros numa situação bastante desafiadora, bem como as decisões tomadas pelo comandante ao controlar a aeronave, apesar as condições meteorológicas adversas e aterrar em segurança no destino final estipulado, com as pessoas sãs e salvas".
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