"A Republika Srpska [RS, a entidade sérvia da Bósnia] adotará uma lei nos próximos meses que proibirá os membros das organizações LGBTQ de se aproximarem dos estabelecimentos de ensino", indicou na noite de quinta-feira Dodik, presidente da RS, a uma televisão local.
"Assim, abrange os jardins-de-infância, as escolas, as universidades. Não poderão aproximar-se ou divulgar a sua propaganda", sublinhou.
Os militantes LGBTQ denunciaram a proibição da projeção de um documentário na passada segunda-feira em Banja Luka, a principal cidade da RS.
A polícia não permitiu a exibição do documentário após pressões de diversas associações conservadoras e grupos de adeptos de futebol locais.
Após esta proibição, homens encapuzados atacaram ativistas junto ao local onde deveria ter ocorrido a exibição, provocando ferimentos em três pessoas.
Dodik, que dirige a RS há vários anos, tem contribuído para agravar as tensões étnicas e ameaçado com a secessão da entidade sérvia.
Após o fim da guerra civil interétnica que provocou mais de 100.000 mortos (1992-1995), a Bósnia-Herzegovina está dividida numa entidade sérvia e numa federação croato-muçulmana, associadas a um frágil Governo central.
Na sequência do acordo de Dayton de finais de 1995, foram reconhecidos na Bósnia-Herzegovina três "povos constituintes" (bosníacos, sérvios e croatas), com o país a confrontar-se com as ambições secessionistas dos sérvios bósnios e uma crescente fratura e afastamento entre os nacionalistas bosníacos muçulmanos e croatas católicos.
Os partidos nacionalistas continuam a dirigir as respetivas entidades, num cenário de profundas divisões étnicas.
Em 02 de outubro passado foram eleitos os parlamentos das duas entidades que compõem a Bósnia-Herzegovina -- RS e Federação --, o presidente da RS e as assembleias dos dez cantões da Federação e partilhados entre bosníacos e croatas.
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