A Autoridade de Aviação Civil dirigida por huthis avisou que nenhum voo humanitário aterraria em Sanaa entre 25 e 30 de março, num comunicado em que refere que tais voos só seriam permitidos às sextas-feiras.
Os huthis argumentaram que esta decisão é em resposta ao que alegaram ser uma proibição determinada pela coligação liderada pela Arábia Saudita, que apoia o governo, em relação a voos comerciais de e para a capital do Iémen.
No entanto, não apresentaram provas destas alegadas proibições de voos comerciais, que parcialmente eram realizados como parte do acordo de cessar-fogo do ano passado entre as partes em conflito.
A companhia aérea do Iémen operou voos entre Sana e a capital jordana, Amã, até sexta-feira.
A guerra do Iémen rebentou em 2014, quando os houthis tomaram Sanaa e forçaram o governo a exilar-se na Arábia Saudita. A coligação liderada pela Arábia Saudita entrou no conflito em março de 2015 para tentar restaurar o governo no poder internacionalmente reconhecido.
O Programa Alimentar Mundial da ONU, que gere os voss humanitários para o país devastado pela guerra, expressou a sua profunda preocupação com a decisão do movimento huthi.
"Esta decisão pode ter impactos significativos na capacidade das Nações Unidas e de nossas organizações não governamentais parceiras de fornecer o apoio necessário com urgência às pessoas necessitadas", disse Abeer Etefa, porta-voz do Programa Alimentar Mundial num 'e-mail'.
Waleed al-Abarah, porta-voz do Ministério de Direitos Humanos do Iémen em Aden, considerou a decisão huthi equivalente a um "crime de guerra", acusando os rebeldes de usar atividades humanitárias para obter ganhos políticos.
Em comentários televisivos, alertou para a iminente fome no Iémen perante a escassez de fundos para a resposta humanitária em 2023.
O Aeroporto Internacional de Sanaa foi parcialmente reaberto para voos comerciais no ano passado como parte de um acordo de cessar-fogo mediado pela ONU entre as partes em guerra do Iémen. O cessar-fogo expirou em outubro, quando os dois lados não conseguiram chegar a um acordo para renovar a trégua.
O movimento houthi é acompanhado de uma escalada nos combates na província central de Marib, onde os rebeldes huthi atacaram nos últimos dias áreas controladas pelo governo.
O conflito no Iémen criou uma das piores crises humanitárias no mundo, em que mais de 21 milhões de pessoas, ou dois terços da população do país, precisa de ajuda e proteção, de acordo com as Nações Unidas.
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