Rebeldes huthis impõem restrições severas a voos da ONU na capital

Os rebeldes huthis apoiados pelo Irão no Iémen impuseram restrições severas a partir de hoje à ONU e outros voos humanitários que chegam à capital, Sana.

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© Getty Images

Lusa
25/03/2023 21:28 ‧ 25/03/2023 por Lusa

Mundo

Iémen

A Autoridade de Aviação Civil dirigida por huthis avisou que nenhum voo humanitário aterraria em Sanaa entre 25 e 30 de março, num comunicado em que refere que tais voos só seriam permitidos às sextas-feiras.

Os huthis argumentaram que esta decisão é em resposta ao que alegaram ser uma proibição determinada pela coligação liderada pela Arábia Saudita, que apoia o governo, em relação a voos comerciais de e para a capital do Iémen.

No entanto, não apresentaram provas destas alegadas proibições de voos comerciais, que parcialmente eram realizados como parte do acordo de cessar-fogo do ano passado entre as partes em conflito.

A companhia aérea do Iémen operou voos entre Sana e a capital jordana, Amã, até sexta-feira.

A guerra do Iémen rebentou em 2014, quando os houthis tomaram Sanaa e forçaram o governo a exilar-se na Arábia Saudita. A coligação liderada pela Arábia Saudita entrou no conflito em março de 2015 para tentar restaurar o governo no poder internacionalmente reconhecido.

O Programa Alimentar Mundial da ONU, que gere os voss humanitários para o país devastado pela guerra, expressou a sua profunda preocupação com a decisão do movimento huthi.

"Esta decisão pode ter impactos significativos na capacidade das Nações Unidas e de nossas organizações não governamentais parceiras de fornecer o apoio necessário com urgência às pessoas necessitadas", disse Abeer Etefa, porta-voz do Programa Alimentar Mundial num 'e-mail'.

Waleed al-Abarah, porta-voz do Ministério de Direitos Humanos do Iémen em Aden, considerou a decisão huthi equivalente a um "crime de guerra", acusando os rebeldes de usar atividades humanitárias para obter ganhos políticos.

Em comentários televisivos, alertou para a iminente fome no Iémen perante a escassez de fundos para a resposta humanitária em 2023.

O Aeroporto Internacional de Sanaa foi parcialmente reaberto para voos comerciais no ano passado como parte de um acordo de cessar-fogo mediado pela ONU entre as partes em guerra do Iémen. O cessar-fogo expirou em outubro, quando os dois lados não conseguiram chegar a um acordo para renovar a trégua.

O movimento houthi é acompanhado de uma escalada nos combates na província central de Marib, onde os rebeldes huthi atacaram nos últimos dias áreas controladas pelo governo.

O conflito no Iémen criou uma das piores crises humanitárias no mundo, em que mais de 21 milhões de pessoas, ou dois terços da população do país, precisa de ajuda e proteção, de acordo com as Nações Unidas.

Leia Também: Dez soldados mortos em combates com rebeldes xiitas huthis no Iémen

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