No sábado, Yoav Gallant pediu a suspensão do processo de reforma judicial - que transfere poderes dos tribunais para o Governo - alegando risco para a segurança do Estado perante o aumento da contestação popular, revelando pela primeira vez dissensões dentro do Governo sobre esta matéria.
A decisão do primeiro-ministro de demitir o ministro da Defesa dá um sinal de que o Governo israelita não quer recuar no plano da reforma do sistema judicial, que procura limitar os poderes do Supremo Tribunal, transferindo competências judiciais para as mãos dos políticos.
Gallant, um ex-general do exército, é uma figura influente no partido Likud, de Netanyahu, que é um dos principais pilares de apoio do Governo.
Netanyahu vai levar a reforma judicial a uma votação parlamentar, esta semana, mas a saída de Gallant pode criar um efeito de contágio dentro do Likud, tornando o resultado mais incerto, sobretudo no momento em que se intensifica a oposição popular às alterações legislativas.
No sábado, mais de 630 mil pessoas saíram às ruas das principais cidades de Israel para protestar contra a polémica reforma judicial, no décimo segundo sábado consecutivo de manifestações.
Por outro lado, Netanyahu está impedido pelo procurador-geral do país de lidar diretamente com este plano de reformar judicial, argumentando conflito de interesses, já que o primeiro-ministro israelita está a ser julgado num processo de corrupção.
Por isso, Netanyahu colocou o seu ministro da Justiça, Yariv Levin, a liderar com esta reforma.
Contudo, na quinta-feira, depois de o Parlamento ter aprovado uma lei que torna mais difícil destituir um primeiro-ministro em exercício, Netanyahu disse que se julgava livre da decisão do Ministério Público e prometeu tomar o tema em mãos.
Essa declaração levou o procurador-geral, Gali Baharav-Miara, a avisar que Netanyahu estava a violar o seu acordo de conflito de interesses, envolvendo-se diretamente no processo de reforma legal.
Se Netanyahu insistir nesta decisão, Baharav-Miara pode iniciar uma investigação para saber se ele violou o acordo de conflito de interesses, o que pode levar a acusações adicionais.
Netanyahu está a ser julgado por acusações de fraude, quebra de confiança e aceitação de subornos em três casos separados, envolvendo poderosos magnatas dos 'media'.
O primeiro-ministro nega quaisquer irregularidades e rejeita a insinuação de que quer aprovar esta reforma judicial para favorecer a sua posição nos tribunais.
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