Discursando perante uma praça cheia de São Pedro, com milhares de jovens por ocasião do Jubileu dos Adolescentes, e um dia depois do funeral de Francisco, o cardeal Pietro Parolin recordou que o Papa "foi testemunha luminosa de uma Igreja que se inclina com ternura perante os feridos e cura com o bálsamo da misericórdia", lembrando ao mundo que "não pode haver paz sem o reconhecimento do outro, sem a atenção aos mais fracos".
"E, por isso, somos chamados a comprometermo-nos em viver as nossas relações não já segundo critérios calculistas ou ofuscados pelo egoísmo, mas abrindo-nos ao diálogo com o outro, acolhendo quem encontramos no caminho e perdoando as suas fraquezas e os seus erros", defendeu o cardeal, considerado um dos favoritos à sucessão de Francisco.
"Só a misericórdia cura e cria um mundo novo, extinguindo os focos de desconfiança, ódio e violência: este é o grande ensinamento do Papa Francisco", resumiu.
Parolin foi nomeado secretário de Estado por Francisco em 2013, com 58 anos, tornando-se o seu mais próximo colaborador e responsável pelas relações diplomáticas da Santa Sé.
Considerado alinhado com o pensamento do Papa Francisco, Parolin é tido pelas casas de apostas como o favorito à sucessão do jesuíta argentino, é visto como um progressista, mas também como um pragmático em relação ao papel da Igreja no mundo.
As negociações com a China sobre o reconhecimento da hierarquia católica constituem um dos pontos mais sensíveis do seu consulado à frente da diplomacia da Santa Sé.
Na homilia de hoje, Parolin evocou o Papa, que morreu na segunda-feira passada.
"O pastor que o Senhor deu ao seu povo, o Papa Francisco, terminou a sua vida terrena e deixou-nos. A dor pela sua partida, a tristeza que nos assalta, a perturbação que sentimos no coração, a sensação de desorientação: estamos a viver tudo isto, como os apóstolos entristecidos pela morte de Jesus", afirmou, olhando para os milhares de jovens presentes, a quem pediu "alegria pascal" para superar estes momentos.
"A todos vós, dirijo uma saudação especial, com o desejo de vos fazer sentir o abraço da Igreja e o carinho do Papa Francisco, que teria desejado encontrar-vos, olhar-vos nos olhos e passar no meio de vós para vos saudar", acrescentou.
Segundo fontes policiais citadas pela agência Efe, mais de 200 fiéis, na maioria jovens, assistiram à homilia na Praça de São Pedro.
O conclave de cardeais deve ter início depois do dia 04, data em que termina o luto decretado pela Santa Sé por causa da morte de Francisco.
Nascido como Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta e o primeiro latino-americano a chegar à liderança da Igreja Católica.
A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano.
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