"Detetámos riscos muito importantes contra a ordem pública", disse Gerald Darmanin em declarações aos 'media', justificando desta forma uma tripulação policial "sem precedentes" que inclui 90 companhias móveis de agentes da polícia de choque anti-distúrbios.
Este reforço de forças de segurança supera em 1.000 agentes os convocados na passada quinta-feira, quando ocorreu nona jornada de protestos, uma vigilância que não impediu o registo de confrontos e de cenas de violência em diversas cidades francesas.
Na aproximação do segundo mês de mobilizações, e com diversas organizações não-governamentais (ONG) a denunciarem a crescente violência policial, o ministro disse que foram identificados cerca de "2.000 indivíduos radicalizados", muitos provenientes do estrangeiro, que pretendem utilizar de novo a manifestação sindical para "desestabilizar as instituições".
Em particular, Gerald Darmanin assinalou a presença de militantes radicalizados, os mesmos que, segundo indicou, estiveram em ação em 16 de março, ao considerar que a extrema-esquerda se associou às ações sindicais contra a reforma do sistema de pensões.
Darmanin garantiu que 891 agentes ficaram feridos desde 16 de março, incluindo 74 no sábado passado em Saint-Souline no decurso de um protesto ecologista contra a construção de bacias artificiais para rega agrícola.
O ministro assegurou que 128 edifícios públicos foram alvo de ataques, incluindo o edifício da Câmara Municipal de Bordéus, cuja porta foi queimada, enquanto foram invadidos 114 gabinetes de deputados e identificados 2.200 incêndios provocados.
O responsável pela pasta do Interior assegurou que não permitirá "a instauração no país da lei do mais forte" e que o país "esteja à mercê da ultra-esquerda", e acusou responsáveis políticos de esquerda de não condenarem com firmeza a violência contra a polícia, posição que, na sua opinião, contribui para a legitimar.
Diversas ONG, incluindo a Liga dos Direitos Humanos (LDH), consideraram na sexta-feira que as manifestações com atos de violência foram acompanhadas de brutalidades policiais.
"A deriva autoritária do Estado francês, a brutalização das relações sociais através da atuação da sua polícia, as violências de toda a ordem e a impunidade são um grave escândalo", disse então o presidente da LDH, Patrick Baudouin.
As autoridades francesas "não toleram a contestação dos cidadãos e promovem um uso desproporcionado e perigoso da força pública", prosseguiru a LDH, que também denunciou "detenções e interpelações indiscriminadas, espancamento sistemático e violência gratuita que viola a valorização das pessoas".
Na semana passada, o Conselho da Europa expressou preocupação perante o "uso excessivo da força" sobre os manifestantes.
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