O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, admitiu, esta quarta-feira, em declarações aos jornalistas, que "o confronto com Estados hostis" deverá "durar". Estas palavram surgem depois de virem a público declarações privadas de Peskov, num alegado jantar com amigos, no qual terá dito que a guerra ia durar "muito, muito tempo", desanimando os presentes.
Segundo cita a agência estatal russa TASS, o porta-voz de longa data de Vladimir Putin voltou ainda a defender a posição de que a guerra foi desencadeada por outros países contra a Rússia.
"Se você quer dizer, digamos, a guerra num contexto amplo - um confronto com Estados hostis, com países hostis, uma guerra híbrida que eles desencadearam contra o nosso país - ela deve durar", disse Peskov, numa conferência de imprensa, em resposta a uma pergunta sobre o tempo que pode durar o conflito.
"Precisamos de permanecer firmes, confiantes, autoconfiantes - concentrados e unidos em torno do presidente", acrescentou.
Interrogado sobre o progresso dos combates, Peskov recusou falar sobre o assunto, referindo que era um assunto que apenas poderia ser comentando pelas autoridades envolvidas e pelo Ministério da Defesa da Rússia.
Recorde-se que as alegadas declarações de Peskov que vieram a público contrastam com as avaliações otimistas dos dirigentes de Moscovo.
A informação foi avançada por duas fontes anónimas ao The Guardian, que relataram aquele que foi um jantar no final de dezembro, ocorrido entre um grupo de velhos amigos, num apartamento de um alto funcionário do Estado russo. Entre os presentes, além de Peskov, estavam membros da elite cultural e política da Rússia.
O porta-voz do Kremlin terá desanimado os presentes quando se levantou para um brinde. "Acho que vocês esperam que eu diga alguma coisa", disse Dmitry Peskov, segundo citou uma das fontes, que participou no jantar. "As coisas vão ficar muito mais difíceis. Isto levará muito, muito tempo", acrescentou o porta-voz.
Recorde-se que a invasão russa à Ucrânia, que se iniciou em fevereiro do ano passado, já causou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O presidente russo justifica a guerra com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.
Leia Também: As revelações de Peskov em privado: Guerra vai durar "muito, muito tempo"