Rússia qualifica como blasfémia posição dos EUA sobre tribunal especial

A Rússia qualificou hoje como blasfémia a posição dos Estados Unidos sobre a criação de um tribunal especial internacional para julgar crimes de agressão russos na Ucrânia.

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© YURI KADOBNOV/AFP via Getty Images

Lusa
29/03/2023 12:32 ‧ 29/03/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

Os Estados Unidos apoiaram, na terça-feira, a criação de um tribunal especial para julgar "crimes de agressão" da Rússia na invasão da Ucrânia, defendendo que o órgão fique "enraizado no sistema judicial ucraniano".

Um porta-voz do Departamento de Estado disse que Washington pretende obter "apoio internacional significativo" para a criação de tal estrutura, em particular dos aliados europeus, e gostaria que o tribunal ficasse localizado num outro país da Europa.

Trata-se da primeira vez que Washington - tradicionalmente com reservas perante mecanismos de justiça internacional - se manifesta explicitamente a favor da criação de um tribunal deste tipo para julgar crimes cometidos durante a invasão russa da Ucrânia.

A posição foi divulgada dias depois de o Tribunal Penal Internacional (TPI) ter emitido um mandado de detenção do Presidente russo, Vladimir Putin, pelo seu alegado envolvimento na deportação de crianças de territórios ucranianos ocupados para a Rússia.

Os Estados Unidos, tal como a Rússia e a Ucrânia, não subscreveram o Estatuto de Roma, o tratado que sustenta o TPI, com sede em Haia.

Na reação à posição norte-americana, a embaixada russa em Washington disse que os Estados Unidos "continuam a demonstrar que não respeitam o direito internacional enquanto defendem os seus próprios interesses geopolíticos".

A missão diplomática considerou que as "acusações infundadas de agressão e crimes contra a humanidade e outras violações fazem parte de uma campanha contra a Rússia orquestrada por Washington como parte da sua guerra híbrida" contra Moscovo.

"Os Estados Unidos evitam hipocritamente e cinicamente abordar atos criminosos cometidos por nazis que se estabeleceram em Kiev e que aterrorizam civis há anos", afirmou.

Ao anunciar a invasão de 24 de fevereiro de 2022, Putin disse que a "operação militar especial" russa visava, entre outros objetivos, "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia.

A embaixada russa disse também que os Estados Unidos "permanecem em silêncio sobre o seu próprio papel no conflito ucraniano", reafirmando que Washington continua a apoiar o regime de Kiev "através do envio de armas letais".

"Os civis continuam a morrer, incluindo crianças, e os hospitais, jardins-de-infância e escolas continuam a ser destruídos", disse a embaixada russa.

"Como pode Washington especular sobre a responsabilização quando a comunidade internacional ainda não recuperou das consequências catastróficas das intervenções dos EUA no Iraque e no Afeganistão ou das atrocidades no Vietname?", acrescentou.

A invasão russa da Ucrânia foi criticada pela generalidade da comunidade internacional e os aliados ocidentais de Kiev têm enviado armamento para as forças armadas ucranianas.

Leia Também: Ucrânia conseguiu ultrapassar "período mais difícil do inverno"

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