"Estes são crimes no Estado de Nova Iorque, não importa quem seja o autor. Não podemos e não iremos normalizar condutas criminosas graves", destacou Alvin Bragg, em conferência de imprensa após a acusação de Trump num tribunal criminal de Manhattan.
Trump compareceu hoje em tribunal e declarou-se inocente das 34 acusações criminais, num momento histórico e inédito para um ex-presidente norte-americano.
"O povo do Estado de Nova Iorque alega que Donald J. Trump falsificou repetida e fraudulentamente os registos comerciais de Nova Iorque para ocultar dos eleitores informações prejudiciais durante as presidenciais de 2016", referiu Bragg.
O procurador sublinhou também que "Manhattan abriga o mercado empresarial mais importante do país" e que não pode permitir "que empresas de Nova Iorque manipulem os seus registos para encobrir conduta criminosa".
A conferência de imprensa foi uma das poucas vezes que Bragg falou publicamente sobre o caso Trump, embora o seu gabinete já o tivesse abordado numa carta a Republicanos da Câmara dos Representantes, que exigiram que o procurador divulgasse informações relacionadas com a acusação, noticiou o 'site' Politico.
Bragg, que assumiu o cargo em 2022 e inicialmente retardou a ação do gabinete para indiciar Trump, explicou que provas adicionais anteriormente não disponíveis o levaram a avançar agora.
No entanto, não deu detalhes sobre as provas ou como estas chamaram a atenção dos procuradores.
"Apresento os casos quando estão prontos", frisou Bragg.
O procurador insistiu ainda que ninguém está acima da lei e que a "conduta criminosa grosseira" não é admissível, independentemente de quem seja o autor.
"A lei é a mesma para todos" e "seja quem for, não podemos normalizar e não vamos banalizar condutas criminosas graves", frisou o procurador.
As acusações contra Donald Trump consistem em diferentes tipos de "falsificação de registos comerciais".
As acusações são consideradas "violações do artigo 175.10 do Código Penal" e são definidas como "tentativa de fraude e cometer outro crime" e de ocultá-lo, segundo a agência EFE.
Onze destas acusações estão relacionadas com faturas emitidas pelo então advogado de Trump, Michael Cohen, que se declarou culpado em 2016 de pagar à atriz pornográfica Stormy Daniels para que esta não divulgasse publicamente um encontro sexual que teve com Trump.
"Durante nove meses consecutivos, o arguido manteve na sua posse documentos que continham esta mentira fundamental: que estava a pagar a Michael Cohen pelos serviços jurídicos prestados em 2017", vincou Bragg, que se referiu na conferência de imprensa a Trump como réu e não como ex-presidente.
"E ele assinou pessoalmente cheques para pagamentos a Michael Cohen para cada um desses nove meses", acrescentou.
Na realidade, Trump estava a reembolsar Cohen pelo pagamento de Daniels, disse ainda.
As 34 denúncias são muito parecidas, mas referem-se a crimes cometidos num intervalo de onze meses do ano de 2017, entre fevereiro e dezembro.
Consistem principalmente no registo documental em diferentes suportes, sejam estes livros contabilísticos, cheques ou outros ficheiros relacionados com Donald Trump.
As violações do artigo 175.10 a que se referem as 34 acusações são consideradas crimes de classe "E" [crime grave], que segundo as primeiras análises publicadas em alguns meios de comunicação social norte-americanos podem resultar em vários anos de prisão.
Em comunicado, o procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, tinha referido que Trump está indiciado por "orquestrar" uma série de pagamentos para encobrir três casos embaraçosos antes das presidenciais de 2016.
O procurador detalhou em comunicado que os pagamentos a troco de silêncio foram feitos a um porteiro da Trump Tower que alegou ter informações sobre um caso de paternidade extraconjugal de Trump (recebeu 30.000 dólares), a uma mulher que se apresentou como ex-amante (150.000 dólares) e à atriz pornográfica Stormy Daniels (130.000 dólares), por alegada relação extraconjugal.
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