Os sete sítios assinalados incluem património edificado histórico e paisagem cultural, de acordo com o comunicado hoje divulgado pela organização.
Um dos sete sítios patrimoniais em risco é a estação ferroviária de Kortrijk, no oeste da Bélgica, próximo da cidade de Lille, datada de 1889, que albergou outros serviços públicos como o telégrafo e os correios.
Também em risco está o Cemitério Memorial dos Combatentes em Mostar, na Bósnia-Hersegovina, apontado pela Europa Nostra como "um dos maiores monumentos e locais antifascistas nos Balcãs, com o seu caminho cerimonial pavimentado de 300 metros de comprimento, subindo uma colina com mais de 20 metros".
O cemitério apresenta cerca de 700 lápides individuais, de lutadores pela liberdade do movimento guerrilheiro jugoslavo, inclui uma série de monumentos construídos em memória dos guerrilheiros que morreram durante a II Guerra Mundial (1939-1945), combatendo as forças nazis, segundo a mesma fonte.
O terceiro edificado em grande risco é o Forte Tchakvinji, no nordeste da cidade de Zugdidi, na Geórgia, construído entre os séculos II e V e que continuou ativo até o século XVIII.
"Desde o período helenístico (323 -- 33 antes de Cristo), a fortaleza está relacionada com as estradas da seda [e] também serviu de abrigo para os habitantes locais durante o período pré-revolução da Rússia czarista". O regime czariasta foi deposto em 1917.
O quarto sítio em risco é na Alemanha, em Kleinwelka, o "'Sisters' House Ensemble", um núcleo habitacional na região da Morávia.
Este conjunto de cinco edifícios, denominado em alemão como "Schwesternhaus", foi construído em meados do século XVIII e inclui a Casa das Freiras, que dispunha de dormitório, refeitório, sala de orações e sala de cuidados de saúde, a Farmácia, a Lavandaria, a "Remisse" e a Villa Anna.
Em elevado risco está também o Parque Emento, conhecido como Parque das Estátuas, em Budapeste, um museu de história, centro educacional, campo de ação artística e atração turística, afirma a Europa Nostra segundo a qual é "um local de descanso das estátuas que costumavam simbolizar a ideologia comunista nas ruas de Budapeste, entre 1945 e 1989".
"Durante a mudança do sistema político em 1989-90, a opinião pública, nos ex-regimes comunistas do leste da Europa voltou-se radicalmente contra as memórias dessa época".
Na Hungria, um compromisso político e social único iniciou a realocação de estátuas de propaganda pública indesejadas. O concurso de design para realocar 41 obras de arte foi ganho pelo arquiteto Ákos Eleod.
Inaugurado em 1993, o Parque das Estátuas "Uma sentença sobre a tirania" constitui "a primeira e até hoje a única coleção de estátuas de propaganda da Europa num ambiente politicamente neutro".
Também em risco, apontado pela Europa Nostra, está a paisagem cultural de Sveti Stefan, que inclui o Parque Milocer, na República de Montenegro. Trata-se de "um património cultural de beleza sem precedentes, muitas vezes considerado a imagem simbólica de Montenegro".
Sveti Stefan é uma cidade fortificada do século XV, construída como "coração cultural e administrativo" da região de Pastrovici, uma ilha com uma área de 1,2 hectares, "com as suas casas de pedra, quatro igrejas, ruas, travessas, praças e jardins, ligada por uma ponte baixa ao continente nas proximidades do Parque Milocer, que inclui uma residência de verão, da década de 1930, da família real jugoslava, com vários edifícios, duas praias, uma ponte francesa do século XIX e um jardim botânico no estilo clássico francês".
O sétimo sítio em risco são os moinhos de água no rio Bistrica, em Petrovac, na região sérvia de Mlavi. Trata-se de "um complexo único de moinhos históricos para moer grãos e enrolar tecidos, criado entre o século XIX e meados do século XX".
"A arquitetura dos moinhos de água apresenta as características folclóricas das estruturas rurais dos Balcãs, nomeadamente construções de pequena escala e de madeira", refere a Europa Nostra.
"Ao colocar estes sítios patrimoniais na lista de 2023 dos sete mais ameaçados, queremos transmitir uma mensagem de esperança, solidariedade e apoio às comunidades locais e ativistas que estão resolutamente determinados a salvá-los. Juntamente com os nossos parceiros (europeus e locais), forneceremos conhecimentos técnicos, identificaremos possíveis fontes de financiamento e mobilizaremos a nossa vasta rede para apoiar a sua causa e os seus esforços, que agora se tornaram também a nossa causa e a nossa responsabilidade partilhada", afirma, citado pelo comunicado, o vice-presidente executivo da Europa Nostra, Guy Clausse.
"Usemos o património cultural da Europa como vetor de paz, coesão social e desenvolvimento sustentável", remata o responsável.
O chefe do Programa de Clima e Património do Instituto do Banco Europeu de Investimento (BEI), Bruno Rossignol, por seu turno, escreve que "o património cultural é um recurso fundamental para moldar a nossa identidade europeia, sem o qual o crescimento económico não tem sentido. Este poder de coesão é reconhecido pelo BEI, que tem em conta a preservação do património na análise de novos projetos de investimento ou na concessão de empréstimos para projetos de reabilitação urbana, muitas vezes com uma componente patrimonial".
Rossignol salienta o "poder coesivo do património cultural" que se "vincula à missão e atividades do banco".
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