"O secretário-geral pede aos líderes das RSF [na sigla em inglês] e das Forças Armadas sudanesas que cessem imediatamente as hostilidades, restabeleçam a calma e iniciem um diálogo para resolver a crise atual", disse o porta-voz do secretário-geral em comunicado.
Guterres também enfatizou que qualquer "nova escalada nos combates terá um impacto devastador sobre os civis e agravará ainda mais a já precária situação humanitária no país".
"O secretário-geral colabora com os líderes da região e reafirma o compromisso das Nações Unidas de apoiar o povo do Sudão nos seus esforços para restaurar uma transição democrática e realizar as suas aspirações de construir um futuro pacífico e seguro", detalha o texto.
Por sua vez, o representante especial do secretário-geral para o Sudão e chefe da Missão Integrada de Assistência à Transição das Nações Unidas no Sudão (UNITAMS), Volker Perthes, anunciou hoje que contactou ambas as partes para lhes pedir que cessem imediatamente os combates, para garantir a segurança do povo sudanês e prevenir mais violência.
As RSF disseram hoje que não deporão as armas até que o Exército se renda, enquanto as forças armadas descreveram a grupo paramilitar sudanês como uma "milícia rebelde".
O caos desencadeado principalmente em Cartum e noutras cidades pelos confrontos deixou pelo menos três civis mortos e dezenas de feridos, segundo o Sindicato dos Médicos Sudaneses.
A Força Aérea Sudanesa começou hoje a bombardear posições do grupo paramilitar na tentativa de repelir a agressão, depois de as RSF acusarem o Exército Sudanês de atacar um dos seus quartéis-generais.
As RSF indicaram ter assumido o controlo do Palácio Presidencial, bem como do aeroporto internacional de Cartum, o maior do Sudão, afirmação que as Forças Armadas desmentiram.
Estes confrontos surgem dois dias depois de o Exército ter alertado para uma "situação perigosa" no país que poderia conduzir a um conflito armado, na sequência da mobilização das RSF na capital sudanesa e noutras cidades sem o consentimento ou coordenação das Forças Armadas.
Essa mobilização ocorreu durante as negociações para chegar a um acordo político definitivo que pusesse fim ao golpe de 2021 e conduzisse o Sudão a uma transição democrática, pacto cuja assinatura foi adiada duas vezes neste mês justamente por causa das tensões e rivalidades entre os Exército e as RSF.
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