Azamat Uldarov, o antigo mercenário do Grupo Wagner que disse ter recebido ordens para matar civis ucranianos com mais de 15 anos, desmentiu as próprias declarações e disse que “estava bêbado” quando foi entrevistado pela organização Gulagu.net, que denuncia abusos nas prisões russas.
“O Grupo Wagner deu ordens para disparar contra todos os maiores de 15 anos. Entre 20 e 24 pessoas foram baleadas, incluindo dez adolescentes entre os 15 e os 17 anos”, disse o ex-combatente, que foi recrutado pelo Grupo Wagner quando cumpria pena de prisão numa colónia russa.
Agora - em declarações por videochamada à agência de notícias russa RIA-FAN, que está associada a Yevgeny Prigozhin, o líder do Grupo Wagner - Azamat Uldarov referiu que estava bêbedo quando foi entrevistado pelo fundador da organização Gulagu.net, Vladimir Osechkin, e alegou que tinha sido chantageado.
“Obrigaram-no a dizer o que disse no vídeo, certo?”, questionou a RIA-FAN, citada pela CNN Internacional. “Não só é certo, como explicitamente correto. Tive de o fazer porque não tinha escolha”, respondeu o ex-combatente.
“Disse o que me foi dito para dizer”, acrescentou, sublinhando que “Prigozhin é um grande homem”.
Na entrevista, Uldarov disse ainda que "matou crianças", após o Grupo Wagner ter dado "ordem para aniquilar todos" quando entraram em Bakhmut.
"Chegamos, eramos 150, e deram ordem para limpar a área com todos os meios e organizar a defesa. Nós matamos toda a gente. Mulheres, homens, idosos, crianças", disse.
Na segunda-feira, o líder do grupo Wagner desmentiu as acusações de Uldarov e afirmou “ninguém dispara contra civis ou crianças”. “Ninguém precisa disso. Nós fomos lá [para a Ucrânia] para salvá-los do regime que os subjugava”, sublinhou na plataforma Telegram.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou a 24 de fevereiro de 2022 com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 14 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
Leia Também: Sete mil soldados ucranianos desaparecidos. Quase metade terá morrido