Qualquer decisão, tomada pela Coreia do Sul, no sentido de fornecer armamento à Ucrânia tornaria o país um participante direto no conflito no leste europeu, segundo considerou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, esta quarta-feira, numa conferência de imprensa.
"Infelizmente, Seul tomou uma posição pouco amigável acerca de toda esta história", começou por dizer o porta-voz do Kremlin, citado pela Reuters.
E acrescentou, em tom de aviso: "Eles (Ucrânia) tentarão atrair cada vez mais países, diretamente, para este conflito. Mas, claro, o início da entrega de armas significará, obliquamente, um certo tipo de envolvimento neste conflito".
As declarações do porta-voz do Kremlin surgem depois de o presidente da Coreia do Sul, Yun Sok-yeol, ter dito, pela primeira vez desde o início da guerra, que está disponível para estender o apoio prestado à Ucrânia para além de questões financeiras e humanitárias, se o país for alvo de um ataque em grande escala contra civis.
"Se existe uma situação que a comunidade internacional não pode tolerar, como qualquer ataque em grande escala contra civis, massacre ou violação grave das leis da guerra, pode ser difícil, para nós, insistir apenas no apoio humanitário ou financeiro", afirmou Yoon Suk Yeol sobre o tema, em entrevista à Reuters.
Apesar de ser um forte aliado dos Estados Unidos, a Coreia do Sul tem evitado antagonizar a Rússia, pelo menos até agora, também devido à influência de Moscovo sobre a Coreia do Norte.
Desde o início da guerra, a 24 de fevereiro do ano passado, os países da NATO e da União Europeia apressaram-se a disponibilizar apoio financeiro, militar e humanitário para ajudar a Ucrânia a fazer face à invasão da Rússia. O país invasor, por outro lado, foi alvo de pacotes de sanções consecutivos (e concertados) aplicados pelos parceiros de Kyiv.
Até agora, cerca de 8.500 civis já morreram, ao passo que mais de 14 mil ficaram feridos na sequência dos combates no terreno, segundo os cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU).
Leia Também: Ucrânia. Visita de Lula? Portugal pode explicar que apoia resistência