O massacre de Columbine foi há 24 anos. O que mudou nas escolas dos EUA?
Há 24 anos, dois jovens norte-americanos abriram fogo sobre os seus colegas e professores na Escola Secundária de Columbine, nos Estados Unidos, matando 12 alunos e um professor.
© Theo Stroomer/Getty Images
Mundo Tiroteios nos EUA
Eram 11h19 da manhã do dia 24 de abril de 1999 quando Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17, vestidos com longos casacos pretos e, munidos com armas, facas e explosivos, acabaram com a vida de 12 alunos e um professor na Escola Secundária de Columbine, no estado de Colorado, Estados Unidos.
24 anos depois do massacre, um dos primeiros e mais marcantes de uma longa lista de tiroteios em âmbito escolar que têm manchado a história dos Estados Unidos nas últimas duas décadas, as famílias das vítimas e o país recordam a tragédia, que ecoa em histórias recentes, com fortes semelhanças.
O que aconteceu?
A dupla, que conseguiu ainda ferir um total de 24 pessoas, tinha inicialmente planeado que o ataque à escola secundária onde eram alunos fosse levado a cabo com bombas. A detonação das mesmas falhou, no entanto, levando os jovens a recorrer ao armamento que tinham para levar a cabo o massacre.
Pouco depois das 11 da manhã, Eric Harris chegou ao parque de estacionamento de Columbine e, ao cruzar-se com o colega de turma Brooks Brown, ter-lhe-á poupado a vida, afirmou o próprio depois, dizendo: "Eu gosto de ti, Brooks. Sai daqui. Vai para casa."
Depois, começou a carnificina. Vestindo longos casacos pretos para esconder o arsenal de armas que carregavam consigo e com t-shirts onde se liam mensagens como 'Seleção Natural' e 'Fúria', Harris e Klebold varreram a escola, abrindo fogo sobre os colegas e docentes, matando 13 pessoas e ferindo outras 24.
No fim, depois de um breve confronto com a polícia, suicidaram-se.
Efeitos imediatos e a longo prazo
O massacre marcou o início de uma época turbulenta nos Estados Unidos, nas últimas duas décadas, que contam um longo historial de tiroteios em escolas. Para além das vítimas imediatas do ataque, contam-se vários casos de stress pós-traumático em sobreviventes e familiares, bem como alguns casos de suicídio.
A realidade dos tiroteios escolares nos Estados Unidos, porém, não se ficou por 1999.
Em março deste ano, por exemplo, uma mulher de 28 anos matou três crianças e três adultos na escola cristã Covenant, em Nashville, no Tennessee. No ano passado, 2022, Salvador Ramos, de apenas 18 anos, matou 19 alunos e dois professores na escola primária Robb em Uvalde, no estado do Texas, cometendo posteriormente suicídio.
"Todos os anos, no aniversário [do massacre], passamos o dia juntos, visitamos os cemitérios onde todas as vítimas estão enterradas e colocamos uma rosa em cada túmulo”, disse Sue Townsend, mãe de uma vítima de Columbine, ao news.com.au.
"É difícil descrever o que passa pela tua cabeça quando algo assim acontece. Para mim, o mundo desacelerou e tive a sensação de estar num sonho. Havia uma agitação no estômago", revelou a mãe.
Mudanças
Desde o massacre de Columbine, segundo o The Washington Post, já se registaram outros 377 tiroteios em ambiente escolar nos EUA, expondo mais de 349 mil estudantes a este tipo de ataques. Só em 2022, houve mais tiroteios (46) do que em qualquer outro ano desde 1999.
No ano passado, e no contexto das fortes críticas à alegada lenta resposta das autoridades no massacre de Uvalde, os Estados Unidos debruçaram-se sobre a forma como o massacre de Columbine veio (ou não) influenciar a resposta das autoridades a este tipo de ataques.
Três semanas após o tiroteio em Columbine, o The Washington Post relatava: "As decisões tomadas num posto de comando reunido à pressa tiveram consequências terríveis. Seguindo as instruções, a polícia moveu-se metodicamente pelo edifício, evacuando os alunos em vez de correr pelos corredores em busca dos homens armados. Mas isso significava que passaram horas até que as equipas da SWAT, por exemplo, alcançaram um professor gravemente ferido no segundo andar."
Segundo várias fontes citadas, por sua vez, pela rádio NPR, as autoridades aprenderam com Columbine a focar-se em eliminar os autores do ataque, em detrimento de procurar retirar os alunos do edifício. Para tal, por exemplo, seguem o barulho dos tiros disparados pelos atiradores, sendo o objetivo "pará-los a qualquer custo", conforme disse Dave Cullen, um jornalista que escreveu o livro 'Columbine', uma análise densa do massacre.
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