Quase 13 milhões de crianças falham vacinas em África causa da pandemia

Quase 13 milhões de crianças falharam uma ou mais vacinas em África entre 2019 e 2021 por causa da covid-19, deixando o continente mais vulnerável a surtos de doença e enfrentando uma "crise de sobrevivência infantil", revelou a Unicef.

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Lusa
20/04/2023 18:28 ‧ 20/04/2023 por Lusa

Mundo

Vacinação

Devido a um "recuo" global na vacinação infantil durante estes três anos, que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) disse ser a pior regressão da vacinação infantil em 30 anos, África é a região com o maior número de crianças não vacinadas e subvacinadas.

A agência da ONU disse que 12,7 milhões de crianças africanas falharam uma ou mais vacinas e 8,7 milhões não receberam uma única dose de qualquer vacina de 2019 a 2021.

Um relatório da Unicef confirma as indicações e apresenta mais dados, mostrando que a pandemia "interrompeu a vacinação infantil em quase todo o lado".

Metade dos 20 países do mundo com o maior número de crianças sem qualquer vacinação - referidas como crianças de "dose zero" - estão em África, salienta também a Unicef.

Na Nigéria, 2,2 milhões de crianças nunca receberam uma vacina. Na Etiópia, 1,1 milhões não são vacinadas contra doenças.

O relatório da Unicef salienta em África, mas também noutras partes do mundo, surtos de doenças a uma escala não vista há anos.

No Malaui, país da África Austral, mais de 1.000 pessoas morreram num surto de cólera no início do ano, o pior em 20 anos. Cerca de 700 crianças morreram num surto de sarampo no Zimbabué, no ano passado. A maioria das crianças do Zimbabué não foi vacinada contra a doença, segundo as autoridades.

A Unicef afirmou que as "exigências intensas sobre os sistemas de saúde, os desvios de recursos para a vacinação contra a covid-19, a escassez de trabalhadores de saúde e as medidas de permanência em casa" contribuíram para a falta de vacinações em todo o mundo. Tal como os conflitos, as alterações climáticas e a hesitação na vacinação.

Mas em África, a pandemia expôs e exacerbou a "falta de resiliência e fraquezas persistentes nos sistemas de saúde e cuidados de saúde primários", frisou a Unicef.

No ano passado, 34 dos 54 países em África registaram surtos de doenças como sarampo, cólera e poliovírus, refere a organização, acrescentando que há uma "crise de sobrevivência infantil" no continente.

O ressurgimento destas doenças deveria servir como um aviso claro para a África, disse Mohamed M. Fall, diretor regional da Unicef para a África Oriental e Austral.

"Os líderes africanos devem agir agora e tomar medidas políticas fortes para reduzir o fosso na vacinação e assegurar que todas as crianças sejam imunizadas e protegidas", apelou.

A Unicef observou que as crianças nascidas pouco antes ou durante a pandemia estavam agora a ultrapassar a idade em que normalmente seriam vacinadas e salientou a necessidade de as autoridades sanitárias "recuperarem o atraso" em relação às não vacinadas, a fim de evitar mais surtos de doenças mortais.

Também hoje, a Organização Mundial de Saúde divulgou a sua avaliação, afirmando que a África precisa de vacinar.

Leia Também: Nigéria é o 2.º país a aprovar uso de vacina da Oxford contra a malária

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