Fox retira queixa contra jornal que a acusava de ligação no ataque ao Capitólio

O presidente da Fox Corporation retirou a queixa por difamação contra a publicação australiana Crickey por um artigo de opinião que relacionava a família Murdoch e o canal Fox News ao assalto ao Parlamento dos Estados Unidos em 2021. 

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© Robert Nickelsberg/Getty Images

Lusa
21/04/2023 09:59 ‧ 21/04/2023 por Lusa

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Capitólio

O Tribunal Federal Australiano comunicou hoje através do portal oficial que o processo foi "suspenso/retirado", dias depois da Fox News ter aceitado pagar mais de 780 milhões de dólares nos Estados Unidos depois de ter sido acusada de difamação durante a cobertura das eleições presidenciais norte-americanas de 2020.   

"Lachlan Murdoch [presidente da Fox] desistiu da queixa por difamação contra a Crikey e vai pagar os custos legais da Crikey. Nós e o nosso cliente estamos muito satisfeitos", disse hoje o gabinete de advogados Marque Lawyer que representa a Private Media, o grupo empresarial a que pertence a publicação australiana Crikey. 

John Churchill, o advogado de Murdoch, disse através de um comunicado que - apesar de o cliente que representa "confiar que iria ganhar" no litígio contra a publicação australiana - não quer que a "Crikey continue a usar o tribunal" para levar a cabo uma campanha propositada para atrair clientes e lucro. 

Em agosto do ano passado, o empresário australiano Murdoch processou a Private Media por causa do artigo em que acusava a Fox de envolvimento no assalto ao Capitólio, no dia 06 de janeiro de 2021.

"Está confirmado que Trump é um traidor louco. Murdoch é o 'conspirador aliado' não acusado", titulava a publicação no dia 29 de junho de 2022.  

Os advogados de Murdoch afirmavam que o artigo insinuava que o empresário "conspirou ilegalmente" com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para incitar manifestantes a marchar para o Capitólio, em Washington, com o objetivo de impedir a confirmação dos resultados das eleições de 2020 que demonstravam a derrota do candidato republicano. 

Recentemente, os representantes da Crickey juntaram ao processo milhares de documentos sobre o alegado envolvimento da Fox e a companhia Dominion Voting Systems que acusou a cadeia de televisão de difundir informações falsas sobre alegadas fraudes nas eleições de 2020. 

O diretor geral da Private Media, Eric Beecher, considerou "vitória da liberdade de expressão" a decisão de Murdoch que retirou a queixa acrescentando que estava "orgulhoso por ter exposto a hipocrisia e o abuso de poder do magnata da comunicação social".  

"Mantemos a nossa posição de que Lachlan Murdoch foi culpado ao promover as mentiras sobre os resultados das eleições de 2020 porque ele e o pai (Rupert Murdoch) tinham o poder de parar com as mentiras. Como é que o sabemos? Porque a Dominion processou a Fox News por ter promovido mentiras e a Fox acabou por pagar (...) à Dominion para resolver o caso", disse Beecher em comunicado.  

O argumento do advogado de Murdoch é diferente.

"Nesse caso (Dominion), no Estado norte-americano do Delaware considerou que os acontecimentos de 06 de janeiro de 2021 no Capitólio não eram relevantes", disse Chruchiil.

O advogado de Murdoch insistiu que a Dominion "deixou claro que não iria argumentar sobre o envolvimento da Fox News nos acontecimentos de 06 de janeiro e que em nenhum momento argumentou que Murdoch fosse pessoalmente responsável".

Leia Também: Homem que atacou agente com escudo no Capitólio condenado a 7 anos

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