O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, expressou, esta segunda-feira, confiança de que a União Europeia (UE) deverá finalizar, nos próximos dias, um plano para comprar munições para a Ucrânia.
"Sim, ainda há algum desacordo. Mas tenho a certeza de que todos entenderão que estamos numa situação de extrema urgência", disse Borrell, em declarações aos jornalistas, ao chegar a uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, no Luxemburgo, citado pela Reuters.
"Tenho certeza de que nos próximos dias chegaremos [a um acordo]", acrescentou.
Sublinhe-se que, recentemente, Kyiv expressou frustração face às disputas entre os Estados-membros da UE no que diz respeito a esta questão. No Twitter, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, lamentou o facto de ainda não ter sido implementado o acordo histórico fechado entre países da UE para a compra conjunta de munições.
"A incapacidade da UE de implementar a sua própria decisão sobre a aquisição conjunta de munição para a Ucrânia é frustrante. Este é um teste para saber se a UE tem autonomia estratégica para tomar novas decisões cruciais de segurança. Para a Ucrânia, o custo da inação é medido em vidas humanas", escreveu Kuleba, que vai participar na reunião de hoje por videoconferência.
Recorde-se que a 20 de março, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE assinaram um acordo político para a utilização de 2.000 milhões de euros para fornecer munições à Ucrânia, decisão que foi ratificada dias depois pelos líderes comunitários.
Por outro lado, segundo fontes diplomáticas explicaram à agência noticiosa espanhola EFE, os 27 ainda não conseguiram "traduzir" esse acordo político no texto legal necessário para a respetiva aplicação.
A questão passa por determinar o que se entende por "ir à indústria europeia" para cumprir essas encomendas conjuntas.
França é da opinião que "comprar à indústria europeia" significa que as munições terão de ser "produzidas na Europa" e não as que já estão armazenadas na Europa (fabricadas e compradas noutros países).
Na mesma linha têm-se manifestado outros países, enquanto Estados como os Países Baixos têm uma posição mais pragmática e consideram que "o objetivo é ajudar a Ucrânia" enquanto "tudo o resto é secundário", insistindo assim na necessidade de ter um acordo o mais rápido possível.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE vão discutir hoje o apoio à Ucrânia e analisar a forma como continuar com as sanções impostas à Rússia, quando há cada vez menos espaço para impactar novos setores.
Leia Também: Sudão? Sair do país pode beneficiar grupo Wagner, diz diplomata finlandês