"O Tribunal deferiu o pedido do Ministério da Cultura para pôr fim às atividades do órgão Azattyk", nome da subsidiária local que foi fechada, anunciou em comunicado enviado à agência France Presse (AFP) um tribunal da capital, Bishkek.
O Azattyk, que tem 30 dias para recorrer, disse à AFP que pretende contestar a decisão.
A decisão acontece dois dias depois de a Rússia se ter oferecido para "partilhar com o Quirguistão a sua experiência na luta contra a interferência estrangeira", num momento em que um projeto de lei sobre comunicação social poderia, segundo elementos da sociedade civil local, restringir a liberdade de expressão.
Entre as cinco ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, onde a liberdade de expressão continua limitada, o Quirguistão há muito que aparecia como uma exceção, com relativa liberdade de imprensa e pluralismo político. Mas organizações não-governamentais têm denunciado a pressão crescente contra os media.
No final de janeiro, o Ministério da Cultura entrou com uma ação judicial para fechar o Azattyk, órgão com quase dois milhões de seguidores no YouTube, num país com cerca de sete milhões de habitantes.
As autoridades criticaram o Azattyk, que cobre intensamente as atividades da oposição e investiga a corrupção, por não ter retirado um relatório, apesar dos seus pedidos.
A reportagem em questão foi filmada após os confrontos entre Quirguistão e Tadjiquistão que deixaram cem mortos em poucos dias em meados de setembro de 2022.
Esta decisão judicial surge após a visita a Moscovo de Nourlanbek Chakiev, presidente do parlamento do Quirguistão, que se encontrou com o seu homólogo russo Viatcheslav Volodin, chefe da Duma, a câmara baixa do parlamento russo.
Volodin tinha declarado que a Rússia estava pronta para "partilhar sua experiência" depois de ter "adotado leis eficazes contra a interferência estrangeira", com particular referência a "agentes estrangeiros".
Além disso, o Presidente Sadyr Japarov é atualmente o único chefe de Estado a planear a sua presença em Moscovo para participar com o homólogo russo, Vladimir Putin, no desfile de 9 de maio, comemorando a vitória de 1945 contra a Alemanha nazi.
Além disso, autoridades ocidentais suspeitam que Bishkek ajudou Moscovo a contornar as sanções impostas após a invasão da Ucrânia, desde fevereiro do ano passado.
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