Papa Francisco defende acolhimento de imigrantes na viagem à Hungria

O Papa Francisco denunciou hoje, no início da sua visita à Hungria, os riscos dos nacionalismos e o "infantilismo belicoso" de alguns países e defendeu o cuidado no acolhimento de imigrantes e a proteção das minorias.

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Lusa
28/04/2023 13:28 ‧ 28/04/2023 por Lusa

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Papa Francisco

Durante o seu primeiro discurso em Budapeste, proferido perante o primeiro-ministro, Viktor Orban, o chefe da Igreja Católica denunciou as ameaças políticas emergentes.

"Os nacionalismos voltam a criar ruído", lamentou o Papa, referindo que a política internacional "está a regredir para uma espécie de infantilismo beligerante", pelo que, neste complexo cenário, "é fundamental redescobrir a alma europeia".

Na conversa com Orban, o Papa referiu-se à guerra na Ucrânia e lamentou "o triste declínio do sonho de paz", acusando vários países de preferirem "as opções da guerra".

Minutos depois, a Presidente da Hungria, Katalin Novák, pediu ao Papa para iniciar um diálogo com a Ucrânia e a Rússia, na tentativa de encontrar soluções de paz.

"Santo Padre"! Os húngaros, assim como milhões de pessoas em todo o mundo, olham para si como um homem de paz. Esperamos que fale com Kiev e com Moscovo, com Washington, Bruxelas, Budapeste, que fale a todos aqueles sem os quais não pode haver paz", pediu Novák.

Novák recordou que a Hungria e o Vaticano são aliados, "porque defendem valores comuns", incluindo a proteção da vida humana e a defesa dos desprotegidos. 

 
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O Papa Francisco mostrou-se preocupado com a tendência de os países e os povos "se fecharem em si mesmos" e insistiu na "necessidade de abertura aos outros", numa evidente referência à questão das migrações.

Francisco recordou o espírito da Constituição húngara, que apela ao respeito pelas minorias, dizendo que "é verdadeiramente evangélico, contrariando uma certa tendência, por vezes justificada em nome das tradições e até da fé, de fechar-se em si mesmo", acrescentou.

As palavras do Papa foram ouvidas por Viktor Orban, que faz uma leitura diferente desses valores e invoca o seu apego à religião e a sua vontade de defender a "civilização cristã" para justificar a sua política de exclusão dos migrantes.

Contudo, o Papa Francisco apresentou-se na Hungria disposto a repetir as suas ideias sobre a defesa dos direitos dos refugiados.

"É um tema, o do acolhimento (de estrangeiros), que suscita muitos debates no nosso tempo e que é certamente complexo", sublinhou o Papa, dizendo que "é urgente a Europa trabalhar em caminhos seguros e legais, em mecanismos compartilhados perante um desafio histórico".

Com Viktor Orban no poder, a Hungria construiu muros nas suas fronteiras e restringiu a apresentação de pedidos de asilo, uma política que lhe valeu várias condenações do Tribunal de Justiça da União Europeia (UE).

No ano passado, apenas 18 pessoas obtiveram o estatuto de refugiado - um número irrisório que não tem equivalente em outros países da UE.

O Papa Francisco inicia hoje uma visita à Hungria, marcada pela crise na Ucrânia e um dia após ter recebido em Roma o primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal.

Antecipando a deslocação, o secretário do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, disse que Francisco demonstrará, ao longo dos três dias da visita, o compromisso de construir uma sociedade mais fraterna numa Europa ferida pela guerra e que vive "a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial".

Em declarações ao 'site' oficial do Vaticano, Parolin apontou a "fé viva da Hungria", mas alertando que, "tendo superado a fase das ameaças do comunismo", os fiéis, e especialmente os jovens, enfrentam os desafios "aparentemente mais inócuos" do materialismo e consumismo.

Para hoje, o Papa tem encontros previstos com a Presidente da República, Katalin Novák, com o primeiro-ministro, Viktor Orbán, elementos da sociedade civil, do corpo diplomático e da igreja local

A viagem apostólica à Hungria de Francisco é a segunda, após 2021 por ocasião do Congresso Eucarístico Internacional. É o segundo papa a visitar país desde João Paulo II, em 1991 e 1996.

[Notícia atualizada às 14h22]

Leia Também: Papa chega à Hungria para uma visita de três dias

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