Os prémios, promovidos pela organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) e pela escola de jornalismo da Universidade Estadual do Arizona, distinguem reportagens de destaque sobre questões de direitos humanos em toda a Ásia e são anunciados no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
Anteriormente, as distinções eram atribuídas pelo Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, mas a HRW e a Universidade Estadual do Arizona assumiram essa responsabilidade, após a imposição pelo Governo chinês da lei de segurança nacional em Hong Kong, em junho de 2020, que levou ao encerramento de pelo menos nove meios de comunicação social.
"Estes prémios reconhecem os jornalistas que estão a lançar luz sobre algumas das questões mais críticas do nosso tempo na Ásia", disse a diretora executiva da HRW, Tirana Hassan.
"Este tipo de jornalismo, muitas vezes realizado em condições extraordinariamente difíceis, é essencial para expor as violações dos direitos humanos e estamos entusiasmados por homenagear estes corajosos repórteres", acrescentou.
As 16 categorias de prémios receberam 406 candidaturas de 33 países. As inscrições, para reportagens publicadas em chinês ou inglês durante 2022, foram avaliadas por um painel de jornalistas, editores e especialistas em direitos humanos.
"Os premiados deste ano fazem agora parte de uma orgulhosa tradição de reportagens sobre direitos humanos na Ásia - uma tradição que pretendemos expandir para outras regiões nos próximos anos para reconhecer um jornalismo de direitos humanos tão impressionante e impactante de todo o mundo", disse Battinto L. Batts Jr., reitor da escola de jornalismo da Universidade Estadual do Arizona.
A agência de notícias Reuters recebeu o primeiro prémio de reportagem de investigação em inglês pelo trabalho sobre os abusos militares em Myanmar (antiga Birmânia) contra os rohingya e os ativistas da democracia.
"A história lançou uma nova luz sobre o planeamento e a devastação da repressão da junta militar (...) sob duras restrições de reportagem", salientou a HRW.
O prémio para reportagens de investigação em chinês foi atribuído ao The Reporter, um meio de comunicação sem fins lucrativos de Taiwan, pela reportagem sobre o tráfico de seres humanos de estudantes africanos por universidades de Taiwan: "Os jornalistas descobriram uma rede criminosa que levou o governo de Taiwan a apresentar queixa contra os infratores".
"Com múltiplas entrevistas aprofundadas, os jornalistas deram um rosto humano a esta questão. Alguns dos estudantes afetados acabaram por conseguir retomar os seus estudos", sublinhou a ONG.
O jornal britânico The Guardian ganhou o primeiro prémio para documentário em inglês por "The Great Abandonment: the extraordinary exodus of India's migrant labourers" (O Grande Abandono: o extraordinário êxodo dos trabalhadores migrantes da Índia), que mostra como centenas de milhares de trabalhadores migrantes com salários diários na Índia acabaram por caminhar durante dias para regressar às suas aldeias depois de o Governo ter anunciado um confinamento abrupto para gerir a pandemia de covid-19.
O prémio principal para as notícias de última hora em chinês foi atribuído ao Ming Pao, um jornal sediado em Hong Kong, por uma série de artigos sobre a forma como a quinta vaga de covid-19 atingiu Hong Kong na primavera de 2022.
"Os repórteres, correndo um grande risco para a própria saúde e segurança, introduziram-se em hospitais públicos que se debatiam para tratar os doentes devido à falta de camas e de outros recursos", sublinha-se no comunicado da organização.
Leia Também: Ataques contra jornalistas aumentam na África Austral e Oriental