Síria defende que Irão pode possuir energia nuclear para fins pacíficos
O Presidente sírio, Bashar al-Assad, defendeu hoje o "direito" do seu aliado Irão em dispor de energia nuclear para fins pacíficos, durante uma visita a Damasco do homólogo iraniano, Ebrahim Raisi, apesar dos receios da comunidade internacional.
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Mundo Bashar al-Assad
"Afirmamos o direito do Irão de possuir energia nuclear pacífica como fonte de energia, como caminho para o desenvolvimento científico e como ferramenta para a prosperidade nacional", sublinhou o chefe de Estado sírio, numa conferência de imprensa conjunta com Ebrahim Raisi.
Para Al-Assad, a visita do governante iraniano é "um marco importante no caminho das relações bilaterais" entre os dois países e povos, destacando as "circunstâncias históricas a nível internacional que tendem a uma multipolaridade".
Esta é a primeira visita de um Presidente iraniano à Síria desde 2010, apesar de Teerão ser um importante aliado militar e económico do país árabe.
Inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmaram que uma amostra colhida em janeiro passado na instalação subterrânea de Fordo, a sul de Teerão, continha partículas de 83,7% de urânio enriquecido, nível próximo a 90%, o mínimo necessário para fabricar uma arma nuclear.
As autoridades iranianas acreditam que essas partículas atingiram esse nível de pureza por engano durante o enriquecimento de 60% de urânio para aplicações médicas, ao mesmo tempo que os esforços para reativar o acordo nuclear de 2015 perderam força.
Bashar al-Assad defendeu também hoje que o objetivo das negociações quadripartidas com Turquia, Rússia e Irão deve ser a eventual saída das tropas turcas presentes no país árabe e a cessação do seu apoio aos insurgentes sírios.
"No âmbito da reunião tripartida realizada em Moscovo, reafirmamos a importância da iniciativa, assegurando que o seu eixo e objetivo é a retirada das forças de ocupação e o fim do apoio a grupos terroristas", frisou na mesma conferência de imprensa, citado pela agência Efe.
Damasco e Ancara, apoiante da oposição síria, realizaram a sua primeira reunião de governo em mais de uma década em Moscovo no final do ano passado, iniciando um processo de diálogo tripartido ao qual se juntou posteriormente o Irão, um dos principais aliados sírio, juntamente com a Rússia.
No discurso ao lado de Raisí, o Presidente sírio considerou que a saída das forças estrangeiras e o afastamento dos grupos armados que confrontam o Governo é "a forma normal de restabelecer as relações normais entre quaisquer dois países".
No entanto, esta manhã, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Çavusoglu, qualificou de "irrealista" esta condição que já tinha sido manifestada pelo Governo sírio.
Mevlut Çavusoglu reiterou que a presença turca na Síria não ameaça a sua integridade territorial e que é necessária para combater o terrorismo, referindo-se às milícias curdas sírias contra as quais Ancara luta, pelos seus alegados vínculos ao banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Apesar das visões diferentes, o chefe da diplomacia turca considerou a possibilidade de se reunir com o seu homólogo sírio, Faisal al Miqdad, em 10 de maio, dias antes das eleições presidenciais e legislativas na Turquia.
A Síria é assolada, desde 2011, por uma guerra civil que se complicou ao longo dos anos com a intervenção de vários países e grupos armados estrangeiros.
O conflito já matou cerca de 500.000 pessoas, devastou a infraestrutura do país e deslocou milhões de pessoas.
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