Trata-se do sexto encontro neste formato, criado em 2017, mas é o primeiro desde que os talibãs chegaram ao poder no Afeganistão, em agosto de 2021, e contará com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros talibã, Amir Khan Muttaqi.
A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, anunciou que Qin Gang vai viajar para o Paquistão, entre 05 e 06 de maio, onde espera "trocar opiniões" sobre a situação no Afeganistão e sobre a cooperação entre os três países.
Muttaqi vai estar presente no encontro, apesar de estar abrangido por sanções do Conselho de Segurança da ONU que o proíbem de deixar o território afegão, depois de a ONU ter aprovado a sua deslocação a pedido do Paquistão.
A China manteve várias reuniões com as autoridades talibãs - no poder 'de facto' no Afeganistão mas sem reconhecimento internacional formal - desde a mudança do regime em Cabul, a última delas em abril passado na cidade de Samarcanda, no Uzbequistão, por ocasião de um encontro realizado por sete nações vizinhas do Afeganistão para discutir a situação no país.
Um ano antes, o então ministro dos Negócios Estrangeiro chinês Wang Yi reuniu-se com altos funcionários do executivo talibã em Cabul, incluindo Muttaqi, numa das primeiras visitas de um alto funcionário de um país estrangeiro ao Afeganistão desde a chegada ao poder dos fundamentalistas.
Segundo os talibãs, Pequim e Cabul acordaram retomar a emissão de vistos para cidadãos afegãos através da embaixada chinesa no Afeganistão, o que representa um avanço para a normalização das operações consulares no país.
A China é um dos poucos países que mantém contacto direto com Cabul desde a retirada das tropas dos Estados Unidos, apesar do governo talibã não ser reconhecido pela comunidade internacional.
Nas últimas duas décadas, empresas chinesas assinaram vários contratos para a criação de projetos económicos e de desenvolvimento no Afeganistão, embora quase nenhum tenha sido finalizado devido à instabilidade do país e à falta de cooperação entre as duas nações.
No entanto, Paquistão e China já demonstraram interesse em incluir o Afeganistão no projeto de infraestruturas designado como Corredor Económico China - Paquistão (CPEC), uma rota comercial para ligar a cidade chinesa de Kasghar ao porto paquistanês de Gwadar (sudoeste), no Baluchistão, proporcionando a Pequim uma porta de entrada para o Mar Arábico.
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