Lavrov discute com homólogo chinês "esforços de paz" na Ucrânia
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, discutiu hoje na Índia com seu homólogo chinês, Qin Gang, os "esforços" de Pequim para alcançar a paz na Ucrânia, informou a diplomacia russa em comunicado.
© Reuters
Mundo Serguei Lavrov
Na véspera da reunião dos ministros dos negócios estrangeiros da Organização de Cooperação de Xangai, no estado indiano de Goa, os dois ministros discutiram várias questões sensíveis, "incluindo esforços para resolver pacificamente a crise na Ucrânia".
O Presidente chinês, Xi Jinping, apresentou em março ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, uma proposta de 12 pontos para alcançar a paz, que prevê um cessar-fogo, a cessação da "mentalidade da guerra fria" e o respeito pelas "legítimas preocupações de segurança dos países".
Mas o designado plano não prevê qualquer retirada russa do território da Ucrânia, cujas fronteiras são internacionalmente reconhecidas, e é visto pelo Ocidente como um apoio às pretensões da Rússia de um país-vizinho sob a sua influência.
Em abril, Xi também falou com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que exige a retirada russa do seu país, a restauração da soberania nas fronteiras de 1991 e garantias para o fim das ações de guerra.
A Rússia acredita que o plano chinês pode ser uma boa base para negociações futuras, enquanto Kiev afirma que há uma oportunidade de usar a influência política de Pequim em Moscovo para restabelecer a paz, algo que ainda não está no horizonte após 15 meses desde a invasão das forças russas da Ucrânia.
Segundo Moscovo, Lavrov e Qin abordaram outros temas da atualidade internacional, com foco na situação na Ásia e Pacífico, "num contexto de crescente atividade de atores extrarregionais para criar vários blocos que minam o sistema de segurança e estabilidade".
Os dois governantes também trocaram pontos de vista sobre o desenvolvimento das atividades da Organização de Cooperação de Xangai - composta por Rússia, China, Índia, Paquistão, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão -, que "tem autoridade crescente nos assuntos mundiais e um papel chave na arquitetura de segurança regional", ainda segundo a diplomacia russa.
Os dois ministros também confirmaram a intenção de coordenar na ONU, aquela organização, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o RIC (Rússia, Índia e China), G20 e outras instituições e mecanismos internacionais relevantes de diálogo.
Lavrov e Qin reiteraram a "inaceitabilidade das práticas modernas do neocolonialismo, que têm um impacto destrutivo no desenvolvimento da maioria dos estados do mundo e em todas as esferas das relações internacionais".
Por fim, os chefes da diplomacia da Rússia e da China discutiram o desenvolvimento das suas relações bilaterais "no contexto de crescente instabilidade geopolítica".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.709 civis mortos e 14.666 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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