"Neste momento, não é possível uma negociação para a paz" na Ucrânia
António Guterres diz que ambos os países estão convencidos de que podem ganhar a guerra, o que dificulta o diálogo para a paz entre a Ucrânia e a Rússia.
© TCHANDROU NITANGA/AFP via Getty Images
Mundo Guterres
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, recebe hoje o Prémio Europeu Carlos V, em Espanha. No âmbito da sua visita ao país vizinho, concedeu uma entrevista ao El País onde deu a sua sincera opinião sobre um eventual fim da guerra na Ucrânia.
"Infelizmente, não acredito que, neste momento, seja possível uma negociação para a paz", começou por afirmar Guterres, explicando que isso não acontece dado que "ambas as partes [deste conflito] estão convencidas de que podem ganhar".
O antigo primeiro-ministro português disse que também não vê "qualquer possibilidade de [se] obter imediatamente (...) um cessar-fogo abrangente".
O secretário-geral da ONU lembrou que "a Rússia não quer fazer uma retirada do território ucraniano" e que, por outro lado, a Ucrânia ainda "tem a esperança de retomar" esses mesmos territórios.
Perante esta situação, António Guterres refere que o seu objetivo "é que seja possível, não imediatamente, encontrar uma paz que seja justa, em conformidade com a lei internacional e com a carta das Nações Unidas". "Estamos, na medida do possível, a estabelecer o diálogo para resolver os problemas mais concretos", referiu, lembrando o acordo feito para a exportação de cereais.
Guterres disse esperar que seja possível, no futuro, levar as duas partes à mesa das negociações.
Recorde-se que António Guterres, de 74 anos, líder da ONU desde 2017, recebe hoje o 16.º Prémio Europeu Carlos V, atribuído pela Fundação da Academia Europeia e Ibero-americana de Yuste "pela sua acreditada, ampla e longa trajetória de vida dedicada ao compromisso social, ao processo de construção europeia, à promoção do multilateralismo e à dignidade humana como núcleo do seu trabalho, abordando desafios e crises globais".
Para o júri, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e ex-primeiro-ministro português tem sido "uma figura fundamental para enfrentar um período de mudanças sem precedentes e com terríveis consequências para a Europa e para o mundo".
A cerimónia será presidida pelo Rei Felipe VI, no Mosteiro de Yuste, Cáceres, e estarão presentes o Presidente e o primeiro-ministro de Portugal.
A entrevista do secretário-geral da ONU foi divulgada no dia em que a Rússia celebra a vitória contra a Alemanha nazi, em 1945.
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