A iniciativa, que decorre no dia 17 de maio na sede da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), inclui uma exposição de fotografias e a apresentação de uma curta-metragem sobre o trabalho que o PAM tem vindo a desenvolver em centenas de escolas timorenses.
Numa nota enviada à Lusa, a delegação do PAM em Timor-Leste explica que para muitas crianças timorenses a refeição que comem na escola é a única nutritiva a que têm acesso todo o dia, ajudando a colmatar o impacto que a malnutrição tem no desenvolvimento cognitivo e físico das crianças.
"A Merenda Escolar em Timor-Leste representa, muitas vezes, a única refeição quente de algumas crianças durante o dia e tem uma importância fundamental na diminuição do absentismo escolar, particularmente no ensino pré-escolar e primário", refere o PAM.
A agência das Nações Unidas nota que em Timor-Leste cerca de 47% da população sofre de atrasos de crescimento, como nanismo e raquitismo, "uma das taxas mais elevadas do mundo".
"As baixas taxas de nutrição permanecem teimosamente elevadas entre raparigas e rapazes, limitando o seu desenvolvimento cognitivo, com aproximadamente 70% dos alunos do primeiro ano a não atingirem resultados básicos de aprendizagem", explica.
Com o objetivo de combater o problema, o PAM está a trabalhar com o Governo timorense para melhorar o programa de Merenda Escolar em 400 escolas nos municípios de Baucau, Bobonaro e Manufahi.
Financiado com apoio da KOIKA, a agência de cooperação da Coreia do Sul, o programa presta apoio em áreas como "melhores práticas em matéria de nutrição, preparação de alimentos, fornecimento de arroz fortificado com vitaminas e minerais e higiene".
Contribui ainda com apoio às refeições escolares e com novos equipamentos de cozinha fáceis de higienizar, bem como um pequeno financiamento para a renovação de algumas cozinhas escolares.
"A maioria das cozinhas escolares utiliza fornos tradicionais a lenha, não tem ventilação adequada, tem instalações de armazenamento e higiene inadequadas e necessita urgentemente de uma estrutura adequada. No entanto, o financiamento atual apenas nos permite chegar à menor parte das cozinhas escolares, uma vez que abrange apenas dez das 400 escolas atualmente apoiadas pelo programa", refere.
Além da ação de angariação de fundos em Lisboa, a delegação do PAM, liderada pela responsável em Timor-Leste, Cecília Grazon -- e que inclui ainda o responsável do projeto de refeições escolares, Anastacio Soriano -- vai ainda apresentar o programa em reuniões em Roma e em Espanha.
Trata-se, explica a organização, de dar a conhecer a iniciativa "a algumas empresas, instituições e privados portugueses que de alguma forma possam estar interessados em apoiar" o programa em Timor-Leste.
Em fevereiro, a organização revelou que 300 mil timorenses, 22% da população, enfrentam insegurança alimentar grave e requerem assistência urgente e mais de 13 mil estão numa situação de emergência que requer ação imediata.
"Estas populações enfrentam altos níveis de insegurança alimentar aguda. É necessária ação urgente", refere-se no estudo de Classificação Integrada da Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês).
Segundo o documento, "são necessárias medidas urgentes para proteger os meios de subsistência, reduzir as lacunas de consumo alimentar e salvar vidas e meios de subsistência das pessoas que sofrem de crise ou insegurança alimentar de emergência (Fase 3 e 4 do IPC)".
Entre os principais fatores responsáveis pela situação atual, destacam-se "os elevados preços dos alimentos, a redução do poder de compra e os impactos persistentes da pandemia covid-19, bem como as inundações de 2021 e 2022".
No caso de Timor-Leste, um terço da população vive em insegurança alimentar aguda, cerca de 581 mil estão no nível dois, 286 mil vivem em crise e 13 mil estão em situação de emergência.
No estudo, refere-se que Timor-Leste ocupa o 16.º lugar no Índice de Risco Mundial, que indica a exposição severa, vulnerabilidade e suscetibilidade do país aos choques (como desastres naturais, alterações climáticas ou outros), bem como a falta de capacidade instalada para lidar com essa situação.
Uma situação que se deve tanto a problemas estruturais e crónicos, como ao impacto de desastres naturais no país que agravou a situação para muitas famílias.
Presente em Timor-Leste desde 1999, o PAM tem vindo a apoiar os sucessivos governos em diversas matérias, incluindo no desenvolvimento de sistemas e programas para melhorar a nutrição dos cidadãos.
Além de formação, aconselhamento técnico e assistência em situações de emergência, a organização tem vindo mais recentemente a trabalhar em projetos de sustentabilidade de sistemas alimentares.
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