O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, confirmou que deu 'luz verde' para que o Departamento de Estado possa dispor desses fundos, essencialmente compostos por dinheiro confiscado ao oligarca russo Konstantin Malofeyev, que está na 'lista negra' de sanções dos EUA desde abril de 2022.
As sanções envolveram o bloqueio de milhões de dólares e Garland já tinha confirmado, em fevereiro passado, que o objetivo é ajudar a Ucrânia a lidar com os danos desta "guerra injusta".
"Os bens russos apreendidos já foram transferidos para o Departamento de Estado e serão utilizados para esse fim", explicou o procurador-geral norte-americano, que já prometeu que esta remessa "não será a última".
O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, já reagiu a esta medida, denunciando que se trata de fundos "roubados ilegalmente" e avisando os Estados Unidos de que este tipo de iniciativa pode reverter contra quem a organizou.
"Antes de tudo, isto é um dano para aqueles que apreenderam ou roubaram esse dinheiro. (...) No que diz respeito aos EUA, tais decisões, é claro, vão atingi-los como um bumerangue", disse Peskov.
"Isto vai minar a confiança dos investidores, a confiança dos donos de ativos ligados de alguma forma aos EUA. E tudo isso, sem dúvida, não vai passar sem consequências", acrescentou o porta-voz do Kremlin, admitindo que Moscovo possa responder com "medidas simétricas" contra Washington.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 441.º dia, 8.791 civis mortos e 14.815 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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