As autoridades do Bangladesh e de Myanmar (antiga Birmânia) prepararam-se também para evacuar centenas de milhares de pessoas, alertando-as para ficarem longe das zonas costeiras.
O ciclone Mocha terá ventos de até 160 quilómetros por hora e rajadas até 175 quilómetros por hora, entre Cox's Bazar no Bangladesh e Kyaukpyu no Myanmar, informou o departamento meteorológico da Índia.
Espera-se que a evacuação de quase 50.000 pessoas comece no sábado, com 576 abrigos preparados para receber os deslocados, disse o administrador do governo de Bangladesh, Muhammad Shaheen Imran.
"Temos equipas e equipamento da OIM preparados para assistir o governo e outras organizações humanitárias a limpar os escombros para manter as principais rotas de acesso acessíveis", afirmou o chefe de missão da OIM no Bangladesh, Abdusattor Esoev.
Cox's Bazar é um dos distritos mais propensos a desastres no Bangladesh, vulnerável a ciclones, inundações e deslizamentos de terras.
Este ciclone surge numa altura em que os acampamentos do distrito ainda estão a recuperar do incêndio de março deste ano, que deixou cerca de 20.000 refugiados rohingya desalojados.
"Ainda a recuperar de um incêndio devastador em março que destruiu mais de 2.600 abrigos e infraestruturas críticas, mais de 850.000 refugiados correm o risco de perder as suas casas e meios de subsistência", disse o Comité Internacional de Resgate.
A OIM e os seus parceiros treinaram voluntários e equiparam os centros de saúde com 'kits' de emergência, equipas médicas móveis e ambulâncias para lidar com emergências médicas durante desastres naturais.
A organização alertou para o perigo causado pelas alterações climáticas, que aumentarão a frequência dos fenómenos naturais extremos, pedindo aos governos que "implementem medidas sustentáveis de adaptação climática, preparação e redução do risco de desastres".
Os ciclones estão entre os desastres naturais mais devastadores do mundo, especialmente se afetarem regiões costeiras densamente povoadas no sul da Ásia.
Os rohingya são uma minoria étnica muçulmana de Myanmar (antiga Birmânia) que enfrentam perseguição e discriminação há décadas por parte do Governo e da sociedade birmanesa.
Myanmar, de maioria budista, não reconhece esta minoria e impõe múltiplas restrições aos rohingyas, nomeadamente a liberdade de movimentos.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), cerca de 860.000 rohingyas vivem atualmente em campos de refugiados sobrelotados no Bangladesh.
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