Mais de 60 milhões escolhem hoje presidente e parlamento da Turquia

Cerca de 61 milhões de eleitores vão hoje às urnas na Turquia para eleger um Presidente e um parlamento, num sufrágio em que se joga a sobrevivência política do atual chefe de Estado, Recep Tayyip Erdogan.

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Lusa
14/05/2023 06:07 ‧ 14/05/2023 por Lusa

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Com a maioria das sondagens a anteciparem a derrota de Erdogan nas eleições presidenciais, o ato eleitoral na Turquia constitui também uma prova da capacidade de sobrevivência política do atual chefe de Estado de 69 anos.

O fundador do AKP, uma formação conservadora e islamista, enfrenta o líder do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata e nacionalista), Kemal Kiliçdaroglu, 74 anos, apoiado por uma coligação heterogénea de seis partidos e por uma formação de esquerda defensora dos direitos da minoria curda, que poderá ter a sua última oportunidade de terminar nas urnas com o crescente autoritarismo de Erdogan.

A três dias do escrutínio, as sondagens davam ao candidato da Aliança da Nação, liderada pelo CHP e que agrega mais cinco partidos, de centristas a nacionalistas de direita e uma formação islamista, 49,3% dos votos, caso a opção dos indecisos (7%) fosse distribuída proporcionalmente pelos dois candidatos. O Presidente Erdogan apenas receberia 43,7% dos votos.

Para as eleições legislativas, o cenário altera-se, com a Aliança Popular de Erdogan -- liderada pelo AKP e que repete a coligação com o Partido de Ação Nacionalista (MHP, extrema-direita) de Devlet Bahçeli e duas outras pequenas formações ultranacionalistas -- em vantagem, com cerca de 44%, dos votos expressos contra 39,9% para a Aliança da Nação.

Neste caso, será decisiva a votação na Aliança Trabalho e Liberdade, liderada pelo Partido da Esquerda Verde, defensor dos direitos da população curda e creditado nas sondagens com 10,5% dos votos e que poderá retirar ao AKP e aliados a sua sólida maioria absoluta.

Numa sociedade fragmentada, Kiliçdaroglu prometeu devolver ao país o sistema parlamentar interrompido em 2017 e uma restauração dos direitos e liberdades, muito deterioradas devido ao crescente autoritarismo presidencial.

O combate ao elevado desemprego e à corrupção, o regresso a uma justiça independente, em que os veredictos sejam baseados na lei e não em decisões políticas, e a liberdade dos 'media', num país com quase 50 jornalistas na prisão, foram outras prioridades enunciadas pelo candidato da Aliança da Nação.

Kiliçdaroglu também prometeu restaurar a confiança no meio empresarial e na população, relações externas baseadas nos interesses da política nacional, melhoria das relações com a União Europeia e manter as relações cordiais com a Rússia, aliado político e importante parceiro comercial.

A estratégia de campanha de Erdogan, numa permanente associação entre nacionalismo e religião, foi centrada em propagar a ideia de uma Turquia moderna, que inaugurou a sua primeira central nuclear em cooperação com a Rússia, e poderosa, com um desenvolvimento exponencial da indústria do armamento.

O Presidente turco acusou também o bloco opositor de serem "infiéis", de colaborarem com a guerrilha curda do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), ilegalizado e considerado "organização terrorista" por Ancara e países ocidentais, de pretenderem fragmentar o país e de colocarem a Turquia sob a alçada de "potências imperialistas".

O ato eleitoral turco traduzir-se-á numa escolha de modelo de sociedade entre um líder poderoso e um opositor que propõe o consenso e a negociação.

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