"Vamos reunir-nos com o embaixador dos EUA para entendê-lo bem de perto nas questões que ele levantou sobre o ANC, porque, no nosso entendimento, um diplomata, especialmente de uma superpotência como os EUA, deve perceber a abordagem partidária e a do governo", explicou à imprensa sul-africana o secretário-geral do ANC.
Fikile Mbalula adiantou que a liderança do partido governante há cerca de 30 anos na África do Sul -- antigo movimento de libertação e aliado de Moscovo -, reiterou que o embaixador norte-americano esteve "fora da linha" ao ter condenado o ANC pela "amizade que mantém com a Rússia".
O ANC reafirmou que não condenará a invasão da Ucrânia pela Rússia e que o governo permanece não-alinhado desde o início do conflito.
O embaixador dos EUA na África do Sul, Reuben Brigety, acusou recentemente Pretória de fornecer armas à Rússia, afirmando que compromete a posição de não-alinhamento do país na guerra da Rússia contra a Ucrânia.
O representante diplomático de Washington descreveu a posição de neutralidade da África do Sul no conflito como sendo "hostil" para com o seu país, tendo também criticado o ANC governante por responsabilizar os EUA pela atual guerra na Ucrânia.
Na sequência da crise diplomática que se instalou entre os EUA com Pretória, o Presidente sul-africano, Cyril Ramapahosa, que é também presidente do partido ANC, reiterou hoje que o seu país mantém uma posição "não-alinhada" em relação à guerra da Rússia contra a Ucrânia, salientando que a África do Sul procura "contribuir para a criação de condições que tornem possível uma resolução duradoura do conflito".
O Partido Comunista da África do Sul (SACP, na sigla em inglês), principal parceiro na coligação governativa, acusou hoje Washington de espionagem contra Pretória após o embaixador dos Estados Unidos ter acusado o país de fornecer armas à Rússia.
"A África do Sul não é uma colónia dos Estados Unidos, não podemos ser forçados a seguir a política externa dos Estados Unidos, somos uma república independente, com as nossas próprias políticas e relações internacionais", adiantou o porta-voz comunista sul-africano Alex Mashilo.
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