"Desde dezembro de 2022 até hoje, as nossas equipas puderam confirmar que pelo menos 518 civis foram mortos, 170 ficaram feridos e um milhão de pessoas foram deslocadas" pela violência, disse Keita numa conferência de imprensa, em Kinshasa.
"Condeno com toda a veemência estes ataques ignóbeis e inaceitáveis contra a população civil", sublinhou a diplomata guineense, atribuindo a maior parte dos ataques ao grupo rebelde Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco).
Em menor escala, Keita também apontou as milícias da Frente Popular de Auto-Defesa de Ituri (FPAC-Zaire) como os autores dos ataques.
Em várias zonas de Ituri, assistiu-se a uma grave escalada de ataques de grupos armados nos últimos meses, nomeadamente do Codeco, que representa a comunidade Lendu e foi constituído como grupo armado em 2018 para lutar contra os abusos do exército congolês.
Alguns dos piores massacres podem ter sido atos de retaliação contra a milícia da Frente Popular de Auto-Defesa de Ituri (FPAC-Zaire), que se descreve como um grupo de auto-defesa para proteger a comunidade Hema contra os ataques de Codeco.
As comunidades Lendu (agricultores) e Hema (pastores) têm um conflito de longa data que causou milhares de mortes entre 1999 e 2003.
Segundo a responsável da Missão das Nações Unidas na RDCongo(Monusco), a "erupção desta espiral de violência" ocorreu alguns meses após o lançamento da ofensiva do Movimento rebelde 23 de março (M23), no ano passado, na província vizinha do Kivu do Norte, que concentrou "esforços militares" para enfrentar a insurreição.
"Esta situação criou um vazio de segurança na província de Ituri que os grupos armados, em particular o Codeco, aproveitaram imediatamente para intensificar as suas atividades", denunciou.
Desde 1998, o Leste da RDCongo tem estado mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da Monusco com cerca de 16.000 soldados uniformizados no terreno.
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