África do Sul insiste em manter classificada carga marítima para a Rússia

O partido governante na África do Sul insistiu hoje que a carga do navio cargueiro russo "Lady R", que segundo os Estados Unidos da América (EUA) terá transportado armas e munições para a Rússia, permanece "classificada".

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Lusa
23/05/2023 20:52 ‧ 23/05/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

Durante o debate parlamentar sobre o orçamento da Defesa e Militares Veteranos, na Cidade do Cabo, os deputados do Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), na oposição, instaram o Governo a explicar o que foi carregado durante a noite no navio comercial russo.

"O que foi carregado e descarregado à meia-noite", questionou o deputado Kobus Marais (DA), acrescentando que "se for inocente, divulguem o manifesto de carga".

"O silêncio contínuo sobre esse assunto ameaça as relações comerciais muito importantes com o Ocidente", frisou Marais, citado pela imprensa local.

Na ótica do deputado Thabo Mmutle, do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder, "o DA parece obcecado com o 'Lady R'".

"E é um sinal de desespero. Vocês sabem que algumas operações da Força de Defesa são classificadas", referiu Mmutle, reiterando que o manifesto de carga do navio russo "é classificado".

O principal partido na oposição sul-africana questionou também a utilização da base naval militar em Simon's Town perto da Cidade do Cabo, acusando o governo sul-africano de conceder autorização a um navio comercial russo para "contornar portos comerciais e abusar" da base naval nacional.

"Quem autorizou e porquê? As licenças de importação de 2019 e 2020 para as munições russas ainda são válidas? Algo foi carregado no 'Lady R'. Eram munições? Se não, desclassifiquem o manifesto de carga da embarcação para se confirmar", instou o deputado Kobus Marais.

Por seu lado, a ministra da Defesa e Veteranos Militares, Thandi Modise, reiterou que o navio russo "foi carregado com nada" na África do Sul.

"Talvez devêssemos ser avisados de que deveríamos abandonar todos os relacionamentos que temos, e talvez devam nos dizer, ilustres membros, se os 40 membros do secretariado de defesa e militares que vão visitar nas próximas semanas os EUA, devem ser impedidos de o fazer porque então vão dizer que também estamos a bajular os EUA", referiu a governante sul-africana.

Na semana passada, o embaixador dos Estados Unidos em Pretória acusou a África do Sul de fornecer apoio militar à Rússia, apesar da sua declarada neutralidade no conflito com a Ucrânia.

De acordo com Reuben Brigety, que falava num encontro com os meios de comunicação social locais, os EUA estão convencidos de que "armas e munições foram carregadas" a bordo do cargueiro russo, que atracou na base naval de Simon's Town, perto da Cidade do Cabo, no início de dezembro "antes de partir para a Rússia".

Leia Também: Autoridades russas levantam regime antiterrorista em Belgorod

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