Ucrânia. Aliados estão unidos quanto a F-16 mas "não são solução mágica"
O secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, disse hoje que os aliados europeus, incluindo Portugal, estão coordenados para formar pilotos ucranianos em caças F-16, mas o Pentágono avisa que não serão "uma solução mágica" contra os invasores russos.
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Mundo Ucrânia/Rússia
"Não existem armas mágicas", disse o general do Exército Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto norte-americano, que falou ao lado de Austin em conferência de imprensa no Pentágono, e apontou que fornecer dez F-16 pode custar dois mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros), incluindo manutenção.
"Os russos têm mil caças de quarta e quinta geração, portanto, se for para enfrentar a Rússia no ar, vai ser preciso uma quantidade substancial de caças de quarta e quinta geração", declarou.
Como resultado, prosseguiu, os aliados fizeram a coisa certa ao fornecer primeiro à Ucrânia uma quantidade significativa de defesa aérea integrada para cobrir o campo de batalha.
Sobre os F-16, referiu que têm um papel futuro como parte da defesa aérea da Ucrânia, mas "vai levar um tempo considerável para construir uma força aérea do tamanho, capacidade e escala necessários".
Austin afirmou que os aliados reconhecem que, além da formação, a Ucrânia também precisará de sustentar e manter as aeronaves e ter munições suficientes, mas advertiu que os sistemas de defesa aérea ainda são as armas de que Kiev mais precisa para controlar o seu espaço aéreo.
Austin disse que os ministros da Defesa holandês e dinamarquês estão a trabalhar com os Estados Unidos neste esforço, e que Noruega, Bélgica, Portugal e Polónia também já se ofereceram para contribuir para a formação. Além disso, disse que os aliados vão criar um fundo para que outras nações possam contribuir.
"Esperamos que mais países se juntem a esta importante iniciativa", apelou Austin, acrescentando que a formação é "um exemplo importante de compromisso de longo prazo com a segurança da Ucrânia".
No início do dia, marcado pela reunião do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrâniam em Washington, Austin disse que espera que a formação de pilotos ucranianos em caças F-16, fabricados nos Estados Unidos, comece nas próximas semanas, reforçando a Ucrânia a longo prazo, mas não necessariamente como parte de uma contraofensiva na primavera contra a Rússia.
Austin e Milley falaram no encerramento daquela reunião virtual de dezenas de país para discutir o apoio militar à Ucrânia. Os líderes ucranianos deram uma atualização sobre o esforço de guerra e as lacunas militares que as suas tropas estão a enfrentar. Austin disse que a maior delas continua a ser a defesa aérea terrestre.
"Teremos de nos esforçar e continuar a procurar formas criativas de aumentar a nossa capacidade industrial", disse Austin antes de os líderes de Defesa iniciarem a sua sessão fechada. "Os riscos são elevados. Mas a causa é justa e nossa vontade é forte".
Líderes europeus disseram que estão em conversações sobre que países podem ter F-16 disponíveis. Os Estados Unidos há muito hesitavam em fornecer aeronaves avançadas para a Ucrânia, e apenas no fim de semana passado o Presidente Joe Biden concordou em permitir que outras nações enviassem os seus próprios caças para Kiev.
"Esperamos que a formação comece nas próximas semanas", disse Austin. "Isso fortalecerá e melhorará ainda mais as capacidades da Força Aérea Ucraniana a longo prazo. E complementará os nossos acordos de segurança de curto e médio prazo. Este novo esforço conjunto envia uma mensagem poderosa sobre a nossa unidade e o nosso compromisso de longo prazo com a autodefesa da Ucrânia".
Vários aliados europeus têm manifestado nos últimos dias o seu apoio à formação de pilotos ucranianos.
Portugal está disponível para dar formação a pilotos ucranianos de F-16, mas para já descarta a possibilidade de enviar aeronaves, alegando que "não tem um número ilimitado" destes aparelhos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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